A gestão da liquidez e o seu reflexo na rentabilidade das empresas pertencentes à Bovespa entre os anos de 1999 e 2008
Resumo
Um dos grandes problemas enfrentados pelo gestor financeiro está na manutenção de um equilíbrio entre recursos e aplicações de curto e longo prazo. A administração do Capital de Giro aparece como uma ferramenta capaz de melhorar a rentabilidade da empresa, sem que isso represente uma perda na sua capacidade de pagamento. Este estudo tem por objetivo avaliar se o desempenho econômico-financeiro obtido pelas empresas pertencentes à Bolsa de Valores de São Paulo, no período de 1999 a 2008, tem relação de dependência com a liquidez das mesmas, mensurada através do Modelo Fleuriet. Também conhecido como Modelo de
Análise Dinâmica, o Modelo Fleuriet consiste em uma técnica de análise de balanços que avalia a liquidez pela perspectiva das operações, sendo que, para tal, as contas do balanço
patrimonial são reclassificadas. Neste estudo, a variável Modelo Fleuriet foi representada por três medidas: primeiramente, apenas sob a ótica da liquidez, com a mensuração do Saldo de Tesouraria e do Índice de Liquidez; e, posteriormente, sob a ótica do modelo como um
todo, sendo adotada uma escala ordinal, para representar as estruturas financeiras possíveis. Já em relação ao desempenho econômico-financeiro, adotou-se uma medida de rentabilidade corporativa, o Retorno sobre o Capital Próprio (ROE), e uma medida de retorno acionário, o Lucro por Ação (LPA). Os dados corporativos utilizados nos cálculos das variáveis foram coletados junto às demonstrações financeiras, enquanto que as variáveis macroeconômicas foram obtidas junto às instituições como o IPEA e o Banco Central. Os dados foram analisados sob a técnica de Dados em Painel. Os resultados da estimação inicial, para a população, indicaram a existência de relação de dependência entre o ROE e o Modelo Fleuriet e entre o LPA e o Modelo Fleuriet. Quando o setor de atuação é considerado, o Modelo Fleuriet mostra-se significativo e apresenta o comportamento inverso esperado. Para o setor de metalurgia e siderurgia, a variável do Modelo Fleuriet significativa foi o a Estrutura de Balanço. Já o setor têxtil apresentou o Índice de Liquidez como a variável do Modelo Fleuriet significativa. Por fim, tem-se que, embora tenha sido encontrada relação entre o desempenho
econômico-financeiro e o Modelo Fleuriet, os modelos estimados apresentaram baixo poder de explicação, dificultando a generalização dos resultados.