Motivos que levam as empresas a retirarem-se dos processos cooperativos: contribuições para a formação, gestão e desenvolvimento de redes interorganizacionais
Resumo
As redes de cooperação entre empresas são estratégias usadas pelos gestores para atuar no mercado, com o intuito de gerar mais valor às empresas e obter vantagem competitiva. A rede depois de formada por ser considerada como se fosse uma nova firma, ou seja, uma nova coordenadora de atividades com um conjunto novo de conhecimentos, recursos, capacidades e competências. Entretanto, após a formação da rede, o seu desenvolvimento está condicionado à superação de limites internos e externos impostos a ela. Argumenta-se que os estudos, tanto do ponto de vista teórico como empírico, sobre este tipo de cooperação enfatizam excessivamente os motivos e benefícios das estratégias cooperativas, mas pouco sobre os aspectos que levam algumas empresas a retirarem-se de redes horizontais. Estudos anteriores (TOIGO e ALBA, 2010, WEGNER, ZEN e ANDINO, 2008) relatam que um número significativo de empresas saem dos processos cooperativos e um número também expressivo de redes encerram suas atividades prematuramente. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo principal identificar os motivos que levam as empresas a saírem das redes interorganizacionais das quais participavam. Acredita-se que verificar os motivos que levam uma empresa sair da rede à qual pertencia poderia amenizar problemas e dificuldades que surgem no processo de formação e, principalmente, no desenvolvimento da rede, contribuindo para a sua gestão. Além disso, este estudo se justifica por diminuir as lacunas existentes no entendimento desse assunto e visa corroborar com a consolidação de um corpo teórico sobre o fenômeno. Para tal fim, realizou-se, primeiramente, um estudo exploratório com 7 presidentes de redes de empresas que tiveram integrantes saindo das mesmas e com 11 empresários que saíram das redes de cooperação nas quais estavam inseridas. Esta primeira parte da pesquisa foi realizada por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas, que permitiram compreender os motivos expostos pelos dois grupos de entrevistados. Foi realizada também, uma pesquisa de caráter descritivo, realizada com 140 empresários que saíram de redes de empresas, por meio da aplicação de questionários. Os resultados da pesquisa mostram que em alguns aspectos os presidentes entrevistados e os empresários entrevistados que saíram das redes concordam quanto aos fatores que levam as empresas a saírem de redes. Entre estes aspectos, destaca-se a falta de critérios na seleção dos integrantes, a falta de confiança e comprometimento, o oportunismo e individualismo de integrantes, os altos custos da rede e o não alcance das metas e objetivos propostos. Um determinante que somente os presidentes das redes destacaram é o imediatismo por resultados. Os presidentes explicaram que, do seu ponto de vista, muitos empresários não tinham paciência para esperar a rede se organizar e gerar retornos aos seus integrantes. Por outro lado, motivos citados somente pelos empresários foram a gestão individualizada, a assimetria de retornos, as negociações com fornecedores duvidosas e conflitos quanto à imagem e padronização das lojas. Estas foram algumas das ponderações encontradas com a realização da parte exploratória do trabalho. Na parte descritiva, confirmou-se como fatores determinantes para saída de empresas de redes, os seguintes fatores: Laços Sociais Anteriores Fracos, Má Seleção de Parceiros, Falta de Legitimação às Empresas, Gestão Oportunista, Falta de Confiança e Comprometimento, Baixa Troca de Recursos, Oportunismo de integrantes, Metas e Objetivos Não Alcançados, Baixa Aprendizagem Interorganizacional, Altos Custos da Rede, Pouca Geração de Valor e Inovação e Individualismo de Integrantes. Destaca-se que não foi aceita a hipótese levantada pelos presidentes das redes de que o Imediatismo por Resultados seria um fator que levaria os empresários a saírem das redes de cooperação. Os fatores determinantes encontrados nessa pesquisa ressaltam a dificuldade que impera sobre as estruturas de governança e a gestão das redes. O desafio é organizar a rede de forma a evitar possíveis disfunções oriundas das decisões da gestão e amenizar os problemas identificados neste trabalho, de maneira a manter as empresas na rede, gerando retornos e vantagens competitivas a estas.