Comprometimento e entrincheiramento com a carreira de enfermeiros: uma análise dos vínculos em instituições hospitalares públicas e privadas
Fecha
2013-05-25Metadatos
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Os indivíduos passaram a ser os próprios construtores de condições para sua empregabilidade e
responsáveis pelo seu aprimoramento profissional (EVANS, 1996; SORJ, 2000). Trabalhadores
comprometidos com a sua carreira passaram a assumir importância considerável sendo foco essencial
(BLAU; COHEN, 2003). Define-se o comprometimento com carreira como um link psicológico entre um
trabalhador e sua carreira, que é baseada na relação afetiva (LEE et al. 2000, p. 800). Por outro lado, a
agitação e a inconstância presentes no mercado atual comprometem a estabilidade das carreiras resultando
em seu entrincheiramento. Esse vínculo caracteriza-se pela imobilidade do indivíduo frente à adaptação de
novas perspectivas de carreira ou motivação para mudar (CARSON et al., 1995). Esses vínculos surgem da
motivação dos indivíduos sendo relevante analisar as suas implicações práticas na carreira (CARSON et al.,
1996). Evidencia-se, o universo do trabalho hospitalar o qual é composto por uma congregação de saberes,
tecnologias e diversidades em sua infraestrutura o que gera uma divisão de trabalho peculiar tanto em
critérios técnicos como sociais (PINHO et al., 2013). Destaca-se nesse contexto, o enfermeiro ao qual
compete a gerência dos serviços de saúde a fim de assegurar a qualidade do cuidado prestada aos pacientes
(FELI et al., 2011; MACHADO et al., 2012). Diante da realidade descrita, o este trabalho foi desenvolvido
com o propósito de analisar a predominância dos tipos de vínculos comprometimento e entrincheiramento
com a carreira, dos Enfermeiros hospitalares de instituições públicas e privadas. Realizou-se uma
pesquisa descritiva, explicativa e exploratória, valendo-se de metodologias quantitativas. Os participantes
do estudo totalizaram 237 enfermeiros de hospitais públicos e dos privados pertencentes a cidades
localizadas no estado do Rio Grande do Sul. Aplicou-se um questionário semi-estruturado constituído de
questões abrangendo dados sócio-demográficos, ocupacionais e sobre vínculos com a carreira -
comprometimento entrincheiramento com a carreira de Blau (1985), Carson e Bedeian (1994) e Carson et
al. (1995). Os dados obtidos foram analisados por meio de estatísticas descritivas, testes não-paramétricos e
correlações. Evidenciou-se pela caracterização geral do perfil a predominância de profissionais mulheres
(89,36%), de hospitais públicos (65,82%), idades entre 30 a 39 anos (37,13%), casados (50,43%), pais
(65,11%),tendo em média dois filhos (42,95%), até 10 anos de carreira (38,98%), 6 a 10 salários mínimos
(52,63%) e especialistas (70,98%). No geral, identificou-se níveis altos de comprometimento (70,46%) e
baixos de entrincheiramento com a carreira (91,98%). Destaca-se que os altos níveis comprometimento
estão associados a alta identificação e planejamento com a carreira de enfermeiro. Ao serem comparados os
enfermeiros do estudo por tipo de instituição verificou-se que os profissionais do privado (85,19%) são
mais comprometidos que os de hospitais públicos (80,77%). As correlações de um modo geral foram
positivas e moderadas para as dimensões do comprometimento com a carreira, ou seja, identidade
(r = 0,6219; p = 0,001), planejamento (r = 0,6219; p = 0,0001) e resiliência (r = 0,5274; p = 0,001). Obtevese
para o entrincheiramento com a carreira correlação negativa e moderada para a dimensão limitação de
alternativas (r = -0,4104; p = 0,001). Portanto, espera-se que a realização desse estudo sirva de reflexões
para esta categoria de profissionais que atuam em âmbito hospitalar repercutindo em melhorias a gerencia
dos serviços de saúde e da assistência ao cuidado prestada aos pacientes.