Redes interorganizacionais e as organizações individuais: transposição da cultura coletiva para a perspectiva organizacional
Resumo
As redes interorganizacionais despontam como uma oportunidade de sobrevivência e adaptação ao mercado competitivo dos negócios. Sendo estas a união de diversas organizações com objetivos em comum, formam uma organização mais complexa, com elementos como estrutura, cultura e valores organizacionais. A mudança é uma necessidade de adaptação ao ambiente, ocorrendo como no caso de uma organização que deixa de agir só e passa a fazer parte de uma estrutura de redes. As modificações podem ocorrer não só no exterior da organização, como também no seu interior. Assim é preciso pesquisar o contexto social em que estas redes e organizações estão inseridas, para formular proposições sobre as possíveis construções de significados que esta mudança pode ocasionar. Desta forma, este trabalho busca compreender como são construídas as alterações culturais, através de suas rotinas, pelas quais passam as organizações parceiras por participar de uma estrutura em redes interorganizacionais. Para entender a perspectiva real e vívida do objeto de estudo, foi necessário ir a realidade deste, através do método de estudos de multicasos, com três redes participantes com observação e entrevistas com gestores de redes interorganizacionais e oito organizações participantes destas. Com isto, buscou-se compreender como os indivíduos percebem a mudança na cultura e valores da organização que está atuando em rede, quais os movimentos culturais que perpassam de uma para outra. Os resultados foram analisados através do software NVivo 10. Ao conhecer a história de cada rede interorganizacional, bem como a realidade atual de cada uma, foi possível verificar que os fundadores são grandes responsáveis por passar valores que estes praticavam em suas organizações como gestores para a rede, eles encaminham a rede nos seus momentos mais propícios para mudanças, como o estágio inicial, de criação da
rede. Além disto, a gestão da rede é uma oportunidade muito ampla para também haver movimentos culturais entre a rede e suas associadas. Nos casos estudados, ficou mais evidenciado que as associadas com mais tempo e envolvimento com a rede, principalmente na gestão, tinham mais facilidade de compreender a rede como uma extensão da organização, apenas um pouco mais complexa, auxiliando a direcionar os objetivos, atividades e assim possibilitando uma maior troca de alterações culturais, tanto destas organizações tendo algo a passar para a rede, quanto da rede para estas organizações, mais dispostas e abertas a realizar modificações por causa da rede. O papel que a rede adquire perante as organizações depende do envolvimento que a organização se permite ter com a rede interorganizacional, que é geralmente um pouco mais aprofundado conforme passa o tempo dentro da rede, quando os associados mais inseguros ou desconfiados começam então a se envolver mais. Este envolvimento é essencial para que o associado compreenda o real papel da rede e também possa se utilizar dos benefícios da rede. Com esta relação, as mudanças ocorrem na gestão das organizações, na mudança de pequenos comportamentos gerenciais, principalmente, já que na maioria dos casos os funcionários não têm muito contato ou nenhum contato com a rede. Mudanças são relatadas principalmente no que diz respeito a buscar novas e melhores formas de realizar pequenas tarefas cotidianas de uma organização, mas são estas que interferem depois ao longo do tempo, conforme se solidificam na cultura e nos valores, realizando a conexão e as trocas culturais.