Aprendizagem empreendedora diante do insucesso empresarial: uma perspectiva de empreendedores brasileiros e uruguaios que vivenciaram o fracasso empresarial
Abstract
A dinâmica das mudanças em todos os níveis exige, cada vez mais, revisão e renovação, especialmente, de conhecimento, o que torna a aprendizagem um fator relevante para os indivíduos, e para a sociedade como um todo. Estes aspectos assumem um papel chave na atividade empreendedora, em seu fluxo natural e nas descontinuidades inerentes, como o Insucesso Empresarial (IE). Este estudo tem por objetivo analisar de que forma o processo de Aprendizagem Empreendedora (AE) é influenciado pelo IE, na perspectiva de empreendedores brasileiros e uruguaios que vivenciaram essa experiência. Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório, de estratégia fenomenológica, com base em pesquisa empírica, realizada com empreendedores brasileiros e uruguaios, na região do MERCOSUL. Os dados foram coletados sob entrevista semiestruturada, guiada por protocolo de entrevista, junto a oito participantes brasileiros e cinco uruguaios, sendo, no total, doze do gênero masculino e uma do gênero feminino. A análise dos dados foi desenvolvida por meio das técnicas de Análise de Conteúdo e de Análise do Discurso. Quanto à ocorrência de AE, onze dentre os treze empreendedores apresentaram alguma forma de aprendizagem, com exceção de um participante uruguaio sem evidência dessa ocorrência, parecendo mais fechado à aprendizagem que os demais, e um brasileiro que declarou não ter aprendido com a experiência, embora parecendo mais aberto a mudanças. Dos onze empreendedores que desenvolveram algum tipo de aprendizagem, quatro uruguaios, e cinco brasileiros, apresentaram aprendizagem experiencial de alto nível. Emergiram cinco categorias de análise não a priori: inexperiência e falta de conhecimento sobre o negócio, preocupações e emoções relacionadas ao IE, impactos e consequências do IE, fatores moderadores diante do IE, e mudanças diante do IE. Não foram encontradas evidências que suportem diferenças de impacto no processo de AE diante do IE em função do tipo de atividade. Já, com relação à diferença de gênero, parece que a participante feminina colocou mais ênfase nos laços familiares, como fatores moderadores diante do IE, do que os demais participantes.