Efeito do zinco em parâmetros bioquímicos e fisiológicos de Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen
Resumo
Atividades industriais e de mineração combinadas com o uso inadequado de fertilizantes e pesticidas tem contribuído para o aumento dos níveis de zinco (Zn) no solo. Vários distúrbios fisiológicos e bioquímicos em plantas estão associados com esse aumento dos teores de metais pesados como o Zn nos solos e a Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen vêm sendo utilizada como espécie modelo em estudos relacionados sobre o efeito de diferentes níveis de metais pesados e já foi verificado que a mesma apresenta tolerância intermediaria à alta para diversos metais, bem como diferentes respostas entre os acessos. Assim, o presente estudo teve como objetivo caracterizar os efeitos de diferentes concentrações de Zn sobre parâmetros fisiológicos e bioquímicos de acessos de P. glomerata. Para o primeiro experimento foram utilizados quatro níveis de Zn (2, 100, 200 e 300 μM) e três acessos de P. glomerata (BRA, GD e JB) a fim de avaliar a produção de matéria seca, morfologia radicular e o nível de tolerância entre os acessos. Os acessos JB e GD apresentaram redução na produção de matéria seca tanto da parte aérea quanto radicular, bem como redução da área, comprimento e volume radicular, no entanto o acesso GD apresentou incremento para a dose 100 μM de Zn. Já o acesso BRA mostrou as menores variações para esses mesmos parâmetros, no entanto, isso se deve ao seu baixo crescimento em relação aos demais acessos. Como base nos resultados da produção de matéria seca e parâmetros radiculares dos acessos, os mesmos apresentaram a seguinte classificação em relação à tolerância ao Zn: GD> JB> BRA. No segundo experimento foram utilizados três níveis de Zn (2, 100 e 200 mg kg-1) e os dois acessos de P. glomerata mais tolerantes selecionados no experimento anterior (GD e JB) e avaliadas a produção de matéria seca, parâmetros fotossintéticos e acúmulo do Zn aos 34 e 74 dias. Para a maioria dos parâmetros avaliados as plantas responderam positivamente para a dose de 100 mg de Zn, sendo a dose de 200 mg prejudicial. A máxima fotossíntese, transpiração e condutância estomática foram observadas para as plantas do acesso GD mediante a adição de 100 mg kg-1 de Zn ao solo aos 34 dias de cultivo. O acesso GD apresentou aumento no índice estomático com a adição de 200 mg Zn, já o JB não mostrou qualquer alteração. O aumento da concentração de Zn no solo resultou em aumento na concentração do metal nos tecidos das plantas. O acesso GD mostrou maior translocação de Zn para as folhas e menor acúmulo de Zn nas raízes aos 74 dias, enquanto o JB não apresentou diferenças para os níveis de Zn testados No terceiro experimento avaliou-se a influência do excesso de Zn sobre a resposta antioxidante e produção de β-ecdisona em plantas de P. glomerata cultivadas em dois ambientes distintos. Foram utilizados os mesmos dois acessos de P. glomerata (JB e GD) e três níveis de Zn (2, 100 e 200 μM) para cultivo em hidroponia com avaliações aos 7 e 14 dias, e os mesmos acessos de P. glomerata submetidos à três níveis de Zn (2, 100 e 200 mg kg-1) para o experimento em solo com avaliações aos 34 e 74 dias. Os efeitos do excesso de Zn sobre os acessos de P. glomerata dependeram do sistema de cultivo e também do período de avaliação. O excesso de Zn em ambos os sistemas de crescimento testados causou aumento na peroxidação lipídica (concentração MDA) e aumento da atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e guaiacol peroxidase (GPX) em ambos os acessos de P. glomerata, no entanto, no experimento em solo os acessos apresentaram maior diferença entre ambos em relação à enzima GPX, tendo o GD apresentado os maiores valores. A concentração de antocianinas nas folhas e β-ecdisona em raízes foram significativamente alteradas após a adição de Zn no substrato de cultivo. O acesso JB mostrou redução no conteúdo de β-ecdisona com a adição de Zn no solo, já para o GD foi observado o oposto, no entanto, em condições ideais o acesso JB mostrou um conteúdo mais elevado de β-ecdisona. A concentração de antocianinas variou de acordo com o sistema de cultivo, onde as plantas cultivadas em hidroponia exibiram maiores alterações em ambos os períodos de avaliações.