Fenologia reprodutiva de Prunus myrtifolia (L.) Urb. e Casearia sylvestris Sw em clima subtropical no Sul do Brasil
Resumo
O ritmo de floração, frutificação, brotamento e queda de folhas é característico de cada espécie e varia
em função das condições meteorológicas. Dentre os fatores meteorológicos de maior influência na
fenologia vegetal estão a duração astronômica do dia, a temperatura do ar e as variações hídricas. O
estudo fenológico gera informações básicas para o manejo e conservação das espécies e possibilita
compreender a relação entre o crescimento e o desenvolvimento das plantas associados aos fatores
meteorológicos. Os objetivos deste trabalho foram caracterizar o padrão fenológico reprodutivo de
uma população de Prunus myrtifolia (L.) Urb. e de uma população de Casearia sylvestris Sw em Santa
Maria, Rio Grande do Sul e a relação das fenofases reprodutivas com a duração astronômica do dia e a
temperatura do ar. As observações fenológicas foram realizadas quinzenalmente em 10 indivíduos de
cada espécie, selecionados aleatoriamente, localizados no Jardim Botânico da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), (29º42 S; 53º42 W; 90). O período analisado foi de julho de 2013 a dezembro
de 2015, para C. sylvestris e de agosto de 2010 a setembro de 2014 para P. myrtifolia. As fenofases
observadas foram botões florais, antese, frutos novos e frutos maduros. A caracterização do padrão
fenológico reprodutivo das populações foi realizado utilizando-se os Índices de Fournier e de
Atividade. Para ambas as espécies foi relacionada a variação anual dos índices fenológicos com os
dados meteorológicos do período. Além disso, foi realizada análise de soma térmica, unidades
fototérmicas e de variação da duração astronômica do dia de floração para verificar qual desses fatores
é determinante para a indução da floração das espécies. Para P. myrtifolia o episódio principal de
floração ocorreu de julho a novembro com maior intensidade e atividade de agosto a outubro. A
frutificação ocorreu de setembro a fevereiro, com maior atividade e intensidade de frutos novos de
outubro a dezembro e de frutos maduros de dezembro a janeiro. A época de floração da população de
C. sylvestris foi de junho a novembro. Os botões florais apresentaram aumento pronunciado da
intensidade da atividade sempre durante a transição do mês de julho para o mês de agosto, ocorrendo
sua maior expressão em agosto e setembro. A antese foi observada de julho a outubro, com aumento
pronunciado e abrupto da intensidade e da atividade durante a transição do mês de agosto para o mês
de setembro, com o pico de expressão em meados de setembro, para todos os anos observados. Os
frutos novos e maduros ocorreram principalmente em outubro e novembro. Ambas as espécies
apresentaram padrão fenológico sazonal, com floração e frutificação anual. Os resultados
demonstraram que o aumento da duração astronômica do dia que inicia após o solstício de inverno é
determinante na indução da floração das espécies. O fator astronômico demonstrou ser um preditor
mais confiável para a data de início da floração em relação a soma térmica e as unidades fototérmicas.
Em ambos os casos a frutificação ocorreu no período do ano com dias mais longos e maiores
temperaturas do ar. Portanto, a resposta fotoperiódica das plantas assegura que a frutificação ocorra
num período com grande disponibilidade de energia.