Superação da dormência de sementes e controle químico de cordas-de-viola (ipomoea spp.) em soja resistente ao glifosato
Resumo
A germinação das sementes de cordas-de-viola ocorre em fluxos durante a primavera e verão dificultando seu controle. As sementes apresentam dormência causada principalmente pela impermeabilidade do tegumento seminal à água. A
possibilidade de se utilizar métodos eficazes na superação da dormência de sementes de cordas-de-viola é importante em estudos de manejo de Ipomoea spp. em agroecossistemas, pois resultaria em populações mais uniformes. Este trabalho
teve por objetivos: (i) avaliar métodos capazes de superar a dormência de sementes de três espécies de cordas-de-viola e investigar se há diferenças na dormência entre as espécies desta planta daninha (Capítulo I) e (ii) selecionar alternativas de controle de cordas-de-viola antecedendo a semeadura da soja RR® através da dessecação com o herbicida glifosato, aplicado isolado e em associação com herbicidas residuais seletivos à cultura; e também em pós-emergência da soja RR®, com ou sem a aplicação do glifosato (Capítulo II). No experimento I (superação de dormência de sementes de cordas-de-viola), o tratamento com ácido sulfúrico
(H2SO4) à 98 % resultou em incrementos na germinação das sementes variando de acordo com a espécie analisada. Ipomoea indivisa foi a espécie menos sensível ao tratamento; enquanto que em Ipomoea triloba , a imersão das sementes por 10min em H2SO4 apresentou melhor germinação. Já, em Ipomoea purpurea, a resposta foi linear e a maior percentagem de germinação ocorreu no tempo de 20min. A
escarificação mecânica do tegumento seminal favoreceu a germinação das três espécies, pois promoveu uma ruptura no tegumento permitindo melhor embebição de água pela semente; enquanto que a imersão das sementes das três espécies de corda-de-viola em nitrato de potássio (KNO3) a 0,2% v/v, proporcionou germinações inferiores a 40 %. A exposição das sementes de Ipomoea triloba à radiação de ultrasom por 45 e 60min resultou em germinações das sementes maiores que 70%; porém para Ipomoea indivisa e Ipomoea purpúrea, a germinação foi inferior a 50%.
Os resultados do experimento de manejo de cordas-de-viola em soja RR® (Capítulo II) mostraram que os tratamentos aplicados na dessecação em pré-semeadura da soja RR não controlaram satisfatoriamente esta planta daninha, com controles em geral inferiores 80 %; exceto nos tratamentos com as combinações de glifosato (720 g e.a. ha-1) com diclosulam (25,2 g i.a. ha-1) e glifosato (720 g e.a. ha-1) com
clorimuron (20 g i.a. ha-1), onde os controles foram acima de 85%. Em geral, as maiores produtividades de grãos foram obtidas quando se associou os tratamentos de dessecação com a aplicação de glifosato em pós-emergência da soja RR nos estádios V2 e V5 ou apenas em V5; exceto para os tratamentos glifosato (720 g e.a. ha-1) e a combinação de glifosato (720 g e.a. ha-1) com imazetapir (90 g i.a. ha-1). O
manejo de plantas daninhas em soja RR® não deve descartar o uso de herbicidas, porém o controle de cordas-de-viola necessita que se integre além do controle químico, outras práticas culturais, e consequentemente serão necessários mais
investimentos pelo produtor, mas que terá retorno em função do aumento da rentabilidade por área.