Arte e publicidade na contemporaneidade: convergências
Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo compreender os processos de convergência entre a arte e a publicidade que se inserem e contribuem de diferentes formas para o campo artístico. Nesse tempo contemporâneo, percebe-se um processo ativo de confluências e hibridismos culturais e comunicacionais devido à exposição cada vez mais latente dos meios de comunicação de massa e das novas tecnologias. Observa-se um notável avanço da arte na utilização de estratégias de inserção e de divulgação dos seus conteúdos nas mídias, mostrando-se, ora como estratégia de promoção, ora como crítica a esses meios. Para análise e desenvolvimento desse estudo, nos voltamos para artistas cujas obras comportam características que levam ao esmaecimento de fronteiras, permitindo visualizar aí a convergência entre arte e publicidade nos dias de hoje, tanto do ponto de vista da exploração como da apropriação de linguagens e espaços publicitários. Este estudo se apoia nas obras dos seguintes artistas, Antoni Muntadas, Felix Gonzalez-Torres, Jeff Koons, Vik Muniz, Barbara Kruger, Cindy Sherman, Paulo Bruscky, e Gisele Beiguelman. Nesse percurso investigativo, abordamos também as relações entre a arte contemporânea e o mercado da arte, observando a arte como um campo de saber capaz de nos proporcionar diferentes reflexões sobre o mundo, que apresenta uma posição ambígua por ser uma atividade com finalidade sem fim e que tem, no entanto, o poder de se transformar aos interesses do mercado de consumo. Submetida a imperativos econômicos e culturais, a arte relaciona-se também com as grandes marcas do mercado de consumo, sendo um importante investimento corporativo em determinados casos. Avaliamos como os recursos obtidos nessas práticas artísticas influenciam o modo de produção dos artistas e suas carreiras, delimitando as suas oportunidades e restrições nesse campo e, em consequência, tentamos compreender o status do artista na contemporaneidade. Enfim, acreditamos que os trabalhos artísticos que permitem a convergência com outros campos, como o da publicidade, principalmente aqueles que ocorrem em espaços não institucionais, contribuem para o debate sobre a própria natureza da arte. Com isso, percebe-se uma facilidade de acesso a essas obras, o que indica uma maior democratização da arte. Compreendemos também que, embora não exista uma fusão entre a arte e a publicidade, as fronteiras se apresentam menos distintas e hierarquizadas, ou seja, são mais permeáveis. Esse fenômeno modifica a experiência estética que temos com o mundo e, se a arte modifica o mundo, experienciá-la nos modifica também.