Unidades de conservação com fronteira agrícola podem evitar invasões? O caso da rã-touro na Mata Atlântica do Sul do Brasil
Resumo
Lithobates catesbeianus, a rã-touro, é considerada uma das 100 espécies invasoras mais prejudiciais do planeta. Predições com base em modelagens climáticas e topográficas evidenciam muitas regiões pertencentes ao bioma Mata Atlântica como favoráveis para o estabelecimento da espécie. Modelos que preveem o aumento de temperatura e maior concentração de gases ligados ao efeito estufa colocaram áreas protegidas do bioma como propícias à invasão nos próximos anos. Nós amostramos 36 corpos de água localizados em uma unidade de conservação e áreas agrícolas do entorno através de um gradiente floresta-borda-lavoura. Buscamos dados de abundância e indícios de reprodução de L. catesbeianus nesses locais para compreender quais os principais fatores locais e da paisagem que explicam a distribuição da espécie. Nossos dados demonstraram que a Lithobates catesbeianus responde principalmente ao gradiente área-hidroperíodo-profundidade (fatores locais) e de maneira secundária ao gradiente ambiental floresta borda-lavoura (fatores da paisagem). Estratégias de manejo de populações invasoras aquáticas como L. catesbeianus devem enfocar tanto no manejo da paisagem quanto em manejo dos corpos d água presentes na zona do entorno. A fiscalização da construção de corpos d água com grandes áreas (ou profundos e permanentes) nas bordas e áreas de entorno às unidades de conservação pode ser eficaz , sendo a utilização do manejo florestal-agrícola um complemento importante para evitar invasões.