Substâncias húmicas em solos de diferentes feições geomorfológicas no rebordo do planalto do Rio Grande do Sul
Resumo
Apesar da grande importância da matéria orgânica do solo para a
sustentabilidade dos sistemas naturais e de produção agrícola, seu estudo ainda é
incipiente na região do Rebordo do Planalto (RS), onde diferentes trabalhos têm
relatado aspectos negativos da utilização inadequada destes solos. Nesse sentido, a
avaliação da distribuição do carbono entre as frações separadas quimicamente pode
fornecer subsídios para analisar os efeitos de uso empregado nestes locais. Aliado a
isto, é importante conhecer o papel desempenhado pelas diferentes feições
geomorfológicas presentes na região, já que a variação dos atributos do solo pode
ser diferente em cada segmento da paisagem. Desta maneira, o presente trabalho
visou avaliar a influência do uso da terra sobre as frações da matéria orgânica,
atributos químicos e distribuição de agregados em diferentes profundidades do solo
e posições na paisagem, analisando três topossequências de solos de áreas de
encostas do Rebordo do Planalto (RS). Para isso, foram determinadas
características morfológicas, ambientais, químicas e físicas dos horizontes e
camadas do solo. Nesta última, procedeu-se o fracionamento químico da matéria
orgânica do solo para quantificação dos teores de carbono das frações húmicas e
determinação dos teores de Fe+3 e Al+3 co-extraídos com as substâncias húmicas.
Os resultados permitiram verificar que os atributos químicos e físicos do solo foram
afetados pelo uso da terra, tendo a posição do perfil na paisagem importante papel
na distribuição dos materiais nas topossequências estudadas. A floresta apresentou
os maiores índices de agregação do solo na camada superficial e na posição de
topo do relevo, onde se verificou maior teor de C total. O teor de carbono nos
extratos das frações da matéria orgânica do solo foi diferente para os três usos
avaliados. O carbono da fração ácida apresentou baixos teores em relação aos
demais extratos avaliados. A fração humina correspondeu ao indicador mais
sensível à mudança de uso do solo. Nas três topossequências, a maior parte da
matéria orgânica do solo distribuiu-se nas frações alcalino-solúveis. Entretanto,
valores mais elevados foram observados na floresta em decorrência da liteira.
Dentre as frações alcalino-solúveis, os ácidos húmicos foram predominantes, mas
apresentaram variações conforme a posição do perfil na paisagem. Esta fração se
associou preferencialmente com o Fe+3, enquanto o Al+3 mostrou maior afinidade
pelos ácidos fúlvicos.