Perfil epidemiológico dos pacientes com câncer de próstata encaminhados a um hospital público e de atenção terciária no sul do Brasil
Resumo
Introdução: O câncer de próstata é o mais diagnosticado em homens no Brasil. Como tem evolução relativamente indolente e rastreamento efetivo, os pacientes deveriam ser encaminhados, aos centros de referência, com doença localizada para realização de tratamento com intenção curativa. Este estudo objetivou determinar em que estágio da doença os pacientes com câncer de próstata são encaminhados a um hospital público, de atenção terciária e referência regional para tratamento oncológico e como estes casos foram conduzidos. Metodologia: Foram incluídos pacientes com diagnóstico de câncer de próstata confirmados histologicamente entre os anos 2000 e 2006 e que foram encaminhados ao Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Os dados foram descritos em prevalência por cento, sendo utilizados os testes de Chi Quadrado e Fisher, conforme aplicabilidade; regressão de logística foi utilizada para descrever possíveis fatores de risco; a razão de prevalências foi calculada por um modelo de regressão generalizado não paramétrico, utilizando-se a distribuição de Poisson; foi considerada diferença estatisticamente significativa quando valor de p <0,05. O Excel 2007 foi usado para tabelar os dados e a análise foi realizada utilizando-se a versão 18.0 do programa estatístico IBM SPSS para Windows. Resultados (artigo 1): Foram encaminhados 240 pacientes com câncer de próstata ao HUSM entre os anos 2000 e 2006, sendo que 59,6% com doença localizada, 25% com doença metastática e 15,4% com recorrência bioquímica. Dos 143 pacientes com doença localizada, 34,3% foram tratados com prostatectomia radical; 33,6%, com radioterapia; 20,2% foram submetidos a tratamentos paliativos, e 11,9% ficaram em observação. As causas associadas a não realização de tratamento curativo em pacientes encaminhados com doença localizada foram em: 32,6% dos casos indeterminada, 30,4% por problemas relacionados ao atraso na assistência hospitalar, 21,7% doença localmente avançada, 13,1% alto risco cirúrgico e 2,2% outros motivos. Dos pacientes que foram encaminhados com doença localizada, 20,2% foram submetidos a tratamentos paliativos e 11,9% ficaram em observação; nesta situação, aproximadamente 1/3 dos pacientes com doença localizada não foram submetidos a tratamento curativo por atraso em lista de espera para cirurgia e em 1/3 dos casos a causa não estava definida nos prontuários, mostrando um preenchimento inadequado destes. Resultados (artigo 2): Nos pacientes com câncer de próstata localizado tratados com prostatectomia radical, a recorrência bioquímica ocorreu em 34 dos 47 pacientes (72,3%). Nessa amostra, ao contrário do que descrito na Literatura, não houve correlação entre classificação de risco e dos possíveis fatores de risco (idade, Escore de Gleason, valor do PSA ao diagnóstico, estadiamento T) com recorrência bioquímica. Conclusões: Comparado com a Literatura Médica, obteve-se um maior número de pacientes encaminhados ao hospital de referência com doença metastática, uma menor proporção de pacientes tratados de forma curativa e uma menor utilização de prostatectomia radical como tratamento curativo. E, em relação aos pacientes que foram tratados com prostatectomia radical, houve uma maior prevalência de recorrência bioquímica.