Programa para alimentação saudável: efeito sobre antropometria e hábitos alimentares em escolares
Resumo
O espaço escolar surge como um ambiente propício para a aplicação de programas de educação em saúde que promovam hábitos alimentares saudáveis, uma vez que eles podem exercer influência tanto na criança como na sua família. Desta forma, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de um programa de educação nutricional sobre o crescimento, estado nutricional, hábitos alimentares e conhecimento sobre alimentação e higiene em escolares do 2º e 3º ano de escolas municipais da cidade de Santa Maria/RS. Estudo de intervenção com 83 escolares, entre 6 e 10 anos de idade, sendo 50,6% meninas, realizado de março a julho de 2012. Avaliada a antropometria e aplicado questionário sobre hábitos alimentares e conhecimento de alimentação saudável e higiene, antes e após a realização de oito encontros abordando: Origem dos Alimentos, Estímulo a Produção de Horta, Higiene e Manipulação dos Alimentos, Estímulo ao consumo de frutas e verduras, Indo ao Supermercado e Oficina de Produção de alimento. Para a análise estatística utilizou-se distribuição de frequências, média, mediana (após avaliação da normalidade das variáveis pelo teste de Shapiro Wilk), Teste t-Student, Exato de Fisher e Wilcoxon, considerando nível de significância de p<0,05. A mediana de peso, estatura, IMC, circunferência da cintura e Z-escore do peso foi maior na pós-intervenção. Eram eutróficos e com excesso de peso, respectivamente, 72,3% e 25,3% dos escolares, passando para 65,1% e 33,7%, na reavaliação (p< 0,001). Houve aumento do hábito de tomar café da manhã (de 69,9 para 71,1%), ingerir pão (de 59,0 para 69,9%), leite e derivados (de 71,1para 77,1%) e verduras e legumes (de 53,0para 59,0%), além de diminuição da troca do almoço e jantar por lanche, refeições em frente à televisão (de 63,9% para 47,0%), consumo de refrigerantes (de 62,6% para 38,5%), suco artificial (de 51,8% para 34,9%) e consumo de doces (de 55,4% para 36,1%). A média da pontuação total obtida no questionário sobre hábito alimentar passou de 32,1 para 33,2 pontos (p<0,05). Em ambas as avaliações nenhum escolar foi classificado com mau hábito alimentar e houve aumento dos com ótimo na reavaliação (de 18,1% para 36,1%). Melhoraram os acertos no conhecimento sobre alimentação e higiene, mas com diferença significante somente no conhecimento sobre a origem dos alimentos (de 73,5% para 91,6%).
Conclui-se a tendência ao excesso de peso corporal nos escolares se manteve, embora a educação para alimentação saudável tenha resultado em melhoria no conhecimento e nos hábitos alimentares o que enfatiza a importância destes programas nas escolas de nível fundamental.