Impacto da obesidade nas fraturas ósseas em mulheres na pós-menopausa: um estudo de base populacional em Santa Maria
Resumo
O índice de massa corporal (IMC) é um importante determinante da densidade mineral óssea (DMO) e acreditava-se que a obesidade fosse fator protetor contra fraturas. Entretanto, a alta DMO associada à obesidade pode somente refletir o aumento das demandas mecânicas no esqueleto e pode não conferir uma maior proteção contra fraturas do que em indivíduos não obesos, particularmente em vista de maior prevalência de trauma associado a quedas na população obesa. Desta forma, o objetivo deste estudo foi estabelecer a associação entre obesidade e fraturas ósseas nas mulheres pós-menopausa do município de Santa Maria/RS. Este foi um estudo transversal realizado na cidade de Santa Maria, paralelo 29°, Sul do Brasil, no período de 01 março a 31 de agosto de 2013. Ao todo, foram incluídas 1057 mulheres com idade igual ou maior a 55 anos, na pós-menopausa e que frequentassem a unidade básica de saúde (UBS) de seu território. Mulheres com déficit cognitivo, com dificuldade de comunicação e que ainda menstruassem foram excluídas. Os dados foram obtidos através de questionários contendo informações que incluíam características das pacientes, história de fraturas, fatores de risco para fraturas e uso de medicações. O IMC foi avaliado em 973 mulheres, das quais 39,6% possuíam um IMC de 30 kg/m2 ou mais. Das mulheres obesas, 17,4% apresentaram história de fratura prevalente, comparativamente a 16,2% das não obesas (P = 0,622). Não houve diferença entre o IMC aferido entre os grupos de mulheres pós-menopausa com fraturas e sem fraturas prévias. Da mesma forma, a obesidade não demonstrou ser fator protetor para fraturas ósseas, pois a razão de chances foi 1,09 (IC 95% 0,74-1,54). Não houve significância estatística entre os sítios de fratura e o IMC. Idade e alguma dificuldade para locomoção foram fatores associados a fraturas ósseas em mulheres obesas. Já em mulheres não obesas os fatores associados idade, internação hospitalar (permanecer pelo menos uma noite no hospital no último ano), necessidade de auxílio de outra pessoa para o auto cuidado, cardiopatia isquêmica, artrite reumatoide e história familiar. Em resumo, nosso estudo não identificou um impacto protetor da obesidade para fraturas ósseas em mulheres pós-menopausa, embora os fatores associados a fraturas tenham sido diferentes entre mulheres obesas e não obesas.