CIUR: relação entre o volume placentário anteparto por ecografia e pós-parto por macroscopia, e achados perinatais
Abstract
Introdução: A restrição do crescimento fetal, também denominada crescimento intrauterino restrito (CIUR), é
uma das principais complicações da gravidez. Está associada a elevados índices de morbimortalidade perinatal
e na infância, requerendo investimentos financeiros elevados para possibilitar assistência adequada a esses
recém-nascidos. Justificativa: Necessidade de pesquisa de marcador clínico-ecográfico, através do qual se
possa predizer o risco de um feto vir a ter restrição do crescimento ou desfecho gestacional desfavorável,
possibilitando intervenção precoce, e melhor assistência perinatal. Objetivos: Verificar relação entre a medida
do volume placentário obtida pela ultrassonografia antenatal, e imediatamente após o nascimento pela
macroscopia, em gestantes de fetos com suspeita de CIUR e gestantes de baixo risco, e os achados perinatais.
Materiais e métodos: estudo transversal, prospectivo e observacional, realizado com 30 gestantes de baixo
risco e 19 gestantes de fetos com suspeita de CIUR (peso fetal estimado e/ou circunferência abdominal abaixo
do percentil 10 para a idade gestacional), atendidas no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O
volume placentário anteparto, em cm3, foi mensurado pelo método descrito por Azpurua et al, que utiliza as
medidas do comprimento, altura e espessura placentários; através do aplicativo disponibilizado pelo mesmo
autor, determinou-se o percentil em que se encontrava o volume, para a determinada idade gestacional. O
volume pós-parto foi medido pelo Princípio de Arquimedes. Dados perinatais foram obtidos dos registros de
nascimento e prontuários dos recém-nascidos. As medidas das variáveis estudadas foram analisadas sob a
forma de média e desvio padrão (dados paramétricos), mediana e quartis (dados não paramétricos). Testes
estatísticos: t-Student, Mann-Whitney, correlação de Pearson; foi considerado satisfatório um nível de
significância de 5%, e os dados armazenados e analisados no pacote estatístico SPSS versão 21.0. Resultados:
houve diferença altamente significante entre o volume placentário ecográfico e macroscópico, em ambos os
grupos (p<0,001); foi verificada correlação entre o volume placentário e o APGAR no primeiro minuto no
grupo CIUR (p<0,02); existiu associação altamente significante entre internação na UTI-Neonatal, sendo maior
no grupo CIUR (p<0,01); 94,7% das pacientes do grupo CIUR tinham placentas com volume abaixo do p10,
no aplicativo utilizado. Conclusões: o volume da placenta no pós-parto foi menor que o calculado antes do
nascimento, em ambos os grupos, o que é esperado, em razão da perda de sangue pela placenta após
dequitação. Desfechos perinatais desfavoráveis estiveram presentes quando o volume placentário é pequeno,
mas que poderiam ser justificados pela prematuridade. Assim, os achados do presente estudo são sugestivos de
que o volume placentário em fetos com CIUR é reduzido, e associado a alguns desfechos perinatais adversos,
mas estudos com amostras maiores são necessários para confirmar essas hipóteses.