Análise de estimulantes em suplementos alimentares e produtos naturais a base de plantas comercializados para fins de emagrecimento no Brasil
Resumo
O forte apelo do mercado publicitário, aliado à busca por um corpo padrão e à melhora no
desempenho físico faz com que a popularidade dos suplementos alimentares e a
associação destes com outras terapias envolvendo compostos emagrecedores a base de
plantas seja cada vez maior. A lei que isenta de registro os suplementos alimentares, os
torna alvo de fácil importação, comercialização e consumo pela população em geral,
agravando ainda a prática de adulteração sobre os mesmos. Logo, este trabalho teve como
objetivos: pesquisar a presença de estimulantes em suplementos alimentares para fins de
emagrecimento, estudar a incidência de cafeína sintética adicionada em produtos naturais à
base de plantas utilizadas para perda de peso; desenvolver métodos cromatográficos
emplregando HPLC com detecção com arranjo de fotodiodos (DAD) para a determinação de
cafeína, salicina, efedrina, hordenina, tiramina, octopamina e sinefrina (incluindo seus
enantiômeros L e D). Os estimulantes foram separados por cromatografia de fase reversa
em colunas de octadecilsilano (C18) e os enantiômeros por cromatografia de par iônico com
fase quiral de β ciclodextrina. Os limites de detecção (LD) variaram de 0,02 mg L-1 a 0,35 mg
L-1, já os limites de quantificação (LQ) ficaram na faixa de 0,07 mg L-1 e 1,16 mg L-1 na
separação dos estimulantes em suplementos alimentares. Para as análises de cafeína em
produtos naturais a base de plantas, os LD e LQ foram 0,048 mg L-1 e 0,16 mg L-1
respectivamente. Para os enantiômeros da p-sinefrina, o enantiômero L apresentou LD de
0,11 mg L-1 e LQ de 0,36 mg L-1, já o enantiômero D exibiu um LD de 0,41 mg L-1 e LQ de
1,36 mg L-1. Cada método desenvolvido foi posteriormente aplicado em amostras de
suplementos alimentares (n=47), produtos naturais à base de plantas (n=100) e fruto de
Citrus aurantium. Dos compostos estudados, a cafeína foi a que se apresentou mais
frequente, muitas vezes excedendo os teores rotulados nos produtos, ou então a dose
máxima recomendada por dia (420 mg). Já os suplementos alimentares apresentaram
cafeína, sinefrina e efedrina como principais estimulantes em 53% das amostras estudadas.