Uso de serviços odontológicos em crianças de 12 anos de idade em Santa Maria, RS, Brasil
Resumo
Justificativa: Dados sobre a interação de diferentes preditores na utilização de serviços odontológicos em amostras representativas de escolares no Brasil são escassos. Portanto, entender o efeito dos fatores psicossociais, clínicos, sociodemográficos e do contexto nas iniquidades em termos de utilização de serviços de saúde bucal provê dados importantes para a implementação de medidas de promoção de saúde, especialmente em crianças. Objetivo: Avaliar a influência de fatores socioeconômicos, psicossociais e de ordem contextual no uso de serviços odontológicos em escolares de 12 anos de idade em Santa Maria, RS, Brasil. Metodologia: Um levantamento epidemiológico foi realizado em escolares de 12 anos de Santa Maria, RS. A amostra foi obtida através de um processo de conglomerado em duplo estágio. Dados sobre condições bucais foram coletados a partir de exames clínicos realizados na própria escola e dados contextuais, referentes ao local da escola onde a criança estuda, através de publicações oficiais do município. Um questionário estruturado foi respondido pelos responsáveis para verificar características sociodemográficas da criança. Esse questionário foi utilizado para coletar a variável dependente, através da pergunta Seu filho procurou dentista nos últimos seis meses? . Fatores psicossociais foram coletados através do questionário Child Perceptions Questionnaire (CPQ11-14). O estudo de associação utilizou modelos multinível de análise de regressão de Poisson. Resultados: A prevalência de uso de serviços odontológicos foi 47,43%; e para uso de serviços por razões preventivas foi de 69,84%. Participantes com menor renda familiar, com percepção de sua saúde bucal como regular/ruim/péssima e alunos de escolas com baixo fluxo de aprovação apresentaram probabilidade significativamente mais elevada de não terem usado os serviços nos últimos seis meses. A procura por serviços odontológicos por razões não preventivas variou de acordo com nível socioeconômico. Ainda, participantes que perceberam sua saúde bucal como regular/ruim/péssima e estudantes de colégios com fluxo de aprovação escolar baixo tiveram uma maior probabilidade de usar os serviços odontológicos por motivos de emergência/tratamento. Conclusão: Este estudo mostrou que fatores psicossociais, socioeconômicos e do contexto são importantes preditores para o uso de serviços odontológicos, ressaltando a necessidade de intervenções públicas considerando o efeito de determinantes sociais na redução das inequidades de uso dos serviços.