Desenvolvimento da periodontite apical em ratos sadios e com diabetes tipo 2: efeito do tratamento com metformina
Resumo
O diabetes é reconhecido por ser uma desordem metabólica, pois seu estabelecimento promove uma série de alterações no funcionamento do organismo como um todo, repercutindo inclusive, na cavidade oral. Uma das principais causas destas alterações é a quantidade excessiva de espécies reativas de oxigênio (ROS) que está presente no organismo do paciente com diabetes, levando a um aumento do estresse oxidativo. A metformina, o anti-hiperglicemiante mais utilizado para o tratamento do diabetes tipo 2, também possui a propriedade sequestradora de ROS. Adicionalmente, estudos recentes têm mostrado um maior reparo ósseo associado ao tratamento com o fármaco. No entanto, não existem dados disponíveis na literatura informando se a metformina é capaz de alterar o desenvolvimento das periodontites apicais (PA) em ratos com diabetes tipo 2. Portanto, o objetivo principal deste estudo foi determinar se a metformina tem a capacidade de prevenir ou interferir no desenvolvimento das PA em ratos sadios e com diabetes tipo 2. Além disso, parâmetros bioquímicos relacionados com desordem metabólica foram avaliados a fim de complementar o estudo farmacológico. Para tal, quarenta e oito ratos Wistar foram utilizados. O modelo de diabetes tipo 2 foi alcançado submetendo vinte quatro animais à ingestão de uma dieta especial [High Fat, Low Protein, Moderate Carbohydrate (HFLPMC)] por 70 dias. Os animais sadios receberam uma dieta padrão [standard diet (SD)] durante todo o período experimental. Dentro de cada dieta, os ratos foram divididos conforme os protocolos de tratamento medicamentoso a seguir: i) solução salina (diarimente/quatro semanas); ii) metformina (500mg/kg, diariamente/duas semanas); iii) metformina (500mg/kg, diariamente/quatro semanas). A abertura da câmara pulpar para propiciar o desenvolvimento das PA foi realizada na sexta semana do experimento e uma semana antes da eutanásia os animais foram submetidos ao teste oral de tolerância à glicose. Após dez semanas do início do experimento, os animais foram eutanasiados e as seguintes estruturas foram coletadas e pesadas: fígado, tecido adiposo abdominal e marrom. A mandíbula foi removida e dissecada e radiografias periapicais foram obtidas para mensurar o tamanho da PA. Adicionalmente, amostras de sangue foram retiradas para posterior determinação do colesterol total e HDL e insulina plasmática. Os níveis de catalase e glutationa reduzida (GSH) foram mensurados a fim de determinar o estresse oxidativo no fígado. Os níveis de glicose sanguínea após 30 minutos de administração de sacarose foram maiores no grupo HFLPMC+Salina que no grupo SD+Salina, porém a metformina não teve efeito sobre este parâmetro. Os animais submetidos à ingestão da dieta HFLPMC e salina apresentaram concentrações superiores de insulina plasmática e níveis significativamente inferiores de catalase (p = 0,0267) que os animais do grupo SD+Salina. Um comportamento similar à catalase foi observado nos níveis de GSH e a metformina aumentou a concentração de ambos nos animais alimentados com a dieta HFLPMC. O tratamento com metformina não afetou o tamanho da PA. Portanto, com base nos nossos resultados, sugere-se que a droga não tem efeito positivo sobre o metabolismo ósseo.