Escola e vida no cárcere: uma etnografia no Presídio Regional de Santa Maria
Resumo
Este trabalho refere-se à pesquisa desenvolvida no Presídio Regional de Santa Maria (PRSM), localizado na cidade de Santa Maria RS/ Brasil, o trabalho de campo ocorreu nas dependências da Escola Julieta Balestro. O método utilizado para realizar a pesquisa foi o etnográfico, que consistiu no desenvolvimento de uma oficina cuja temática tratada era Direitos Humanos e Resolução de Conflitos. O objetivo da pesquisa é tentar apreender de que forma os reclusos percebem a escola em uma instituição de rígido controle disciplinar, como coaduna-se a vida determinada por uma série de normas inexistentes na sociedade livre com o espaço escolar. Viver em uma instituição que pretende regular todas as ações individuais é sofrer uma série de mutilações da identidade, o sujeito deve necessariamente buscar meios, fazer ajustamentos da rotina, a fim de garantir minimamente sua individualidade. A escola é percebida pelos reclusos como um espaço no qual o máximo controle é sublimado, são sujeitos que buscam discutir questões do mundo aqui de fora ligando o mundo livre ao mundo encarcerado. O trabalho está dividido em quatro capítulos: o primeiro traz uma breve discussão sobre a ética na pesquisa com seres humanos aplicada à etnografia realizada no PRSM; no segundo é abordada a inserção em campo; o terceiro pretende localizar o PRSM na lógica do sistema punitivo, analisando a privação de liberdade em conjunto com a execução da pena no Brasil; finalmente no quarto capítulo é feita uma abordagem das políticas públicas para educação prisional em conjunto com o observado durante a pesquisa.