"Fala que nem homem": gênero, poder e honra em um canteiro de obras
Abstract
Este trabalho tem por objetivo entender as hierarquias no trabalho, as diferenças
sociais e as estratégias de interação na sociabilidade de pedreiros chefiados por
mulheres, quando há uma inversão das tradicionais hierarquias de poder nestas
relações generadas. Esse trabalho foi realizado a partir do método etnográfico,
durante seis semanas de imersão em campo. O local escolhido para a pesquisa foi
uma obra de reforma em um estabelecimento comercial, numa cidade de médio
porte, do interior do Rio Grande do Sul. O lócus privilegiado da pesquisa se deu na
medida em que a construção civil ainda é um ambiente marcadamente masculino,
mas que, vem aos poucos, aumentando o contingente de mulheres nos cargos de
engenheiras, pintoras, pedreiras. Para a análise do objeto, utilizo os aportes teóricos
de gênero e das relações de gênero, assim como, os trabalhos sobre
masculinidades e o referencial da antropologia. Ser homem ou ser mulher ,
atrelado a outros marcadores sociais em um canteiro de obras defini a priori um
contexto social de interação, tanto das relações homem-homem, quando das
relações homem-mulher. As construções das masculinidades e das feminilidades
perpassam o conceito de honra que aparece atrelado aos conceitos de jogos
verbais, hierarquias de poder, e relações de mando.