Caracterização da voz de indivíduos com sintomatologia e queixa de disfunção temporomandibular
Abstract
A articulação temporomandibular suporta e acomoda adaptações oclusais, musculares e cervicais, porém qualquer condição desfavorável pode desencadear alterações nos movimentos mandibulares que apontam prejuízos tanto na articulação da fala como na qualidade da voz. O objetivo deste estudo foi caracterizar a voz de indivíduos com queixa e sintomatologia de disfunção temporomandibular. Para isso, foram incluídos 43 sujeitos adultos, do sexo feminino, divididos em dois grupos, o grupo de estudo (GE), formado por sujeitos com sintomatologia de DTM, e o grupo-controle (GC), formado por sujeitos sem sintomatologia de DTM. Ambos foram avaliados a partir da aplicação de um questionário de índice anamnésico, exame clínico específico para verificação da presença de sintomatologia de DTM, aplicação de anamnese de voz, avaliação otorrinolaringológica, avaliação do sistema estomatognático, exame audiológico, e gravação digital da voz para posterior análise perceptivo-auditiva e acústica. Na avaliação perceptivo-auditiva, foram levados em consideração o tipo vocal, o pitch, a loudness, e o foco ressonantal. Na avaliação acústica, foram consideradas as espectrografias de banda larga e banda estreita e o Programa da Kay Elementrics Multi Dimensional Voice Profile. Os resultados obtidos, após as avaliações, foram analisados estatisticamente pelo teste do qui-quadrado para independência, ao nível de significância 0,05. Concluiu-se que houve diferença estatisticamente significativa no tipo vocal e no foco de ressonância da voz nos sujeitos do GE. O tipo vocal rouco foi predominante, seguido pelos tipos soproso e áspero. O foco de ressonância laringofaríngeo foi o mais evidenciado, seguido pelo faríngeo. Em relação à presença de dor na musculatura da ATM, o seu aspecto lateral mostrou diferença significativa para a redução da loudness nos sujeitos do GE. Na espectrografia de banda larga e banda estreita, houve diferença significativa para a presença de aumento de ruído na voz dos sujeitos do GE. Na espectrografia de banda larga, a presença de dor no músculo trapézio mostrou-se uma variável não interferente na ressonância da voz dos sujeitos do GE. A presença de dor nos músculos cervicais posteriores, no músculo masseter profundo, e no músculo temporal médio foi significativa para a alteração na qualidade vocal dos sujeitos do GE, na espectrografia de banda larga. A presença de dor no músculo masseter profundo apresentou significância estatística para o aumento da presença de ruído na espectrografia de banda estreita. Portanto, os sujeitos com sintomatologia de DTM apresentaram maior índice de alterações vocais.