Audição periférica e central de frentistas
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o sistema auditivo periférico e
central de frentistas. Trata-se de um estudo prospectivo, onde foram avaliados
frentistas de três postos de gasolina da cidade de Santa Maria. Após a adequação
dos critérios de inclusão, a amostra totalizou 24 sujeitos. Um grupo controle,
composto por 24 sujeitos, foi utilizado para comparação dos resultados. Os exames
aplicados foram: audiometria tonal liminar (ATL), imitanciometria, audiometria de
altas frequências e potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE). A
média de limiar na audiometria tonal liminar do grupo estudo foi superior a do grupo
controle. O mesmo ocorreu com a média de limiar da audiometria de altas
frequências, na faixa de 9 a 14kHz. Nas frequências de 16 a 20kHz, a ocorrência de
respostas ausentes foi maior no grupo estudo em ambas as orelhas. Quando
comparadas em relação ao tempo de exposição, as médias de limiares em altas
frequências (9-14kHz) mostraram diferença estatisticamente (p<0,05) significante em
todas as frequências (9-14kHz), quando comparados o grupo controle e o grupo
estudo. Observou-se maior ausência de reflexos acústicos ipsi e contralateral no
grupo estudo, na orelha direita. Na orelha esquerda, não houve diferença entre os
grupos, quanto à ocorrência do reflexo ipsilateral. A ausência de reflexo contralateral
foi maior no grupo estudo em todas as frequências testadas. No PEATE, houve
alteração nas latências absolutas das ondas I e III e em todas as latências
interpicos, na orelha direita. Na orelha esquerda houve alteração na latência
absoluta de todas as ondas, e em todos os intervalos interpicos. A latência absoluta
da onda III foi a que teve maior ocorrência de alteração, em ambas as orelhas. A
diferença interaural da onda V mostrou alteração em 19% dos sujeitos. O grupo
exposto a combustíveis há pelo menos três anos, apresentou alteração no intervalo
interpico III-V da orelha direita e latência absoluta da onda V na orelha esquerda. No
grupo exposto há mais de cinco anos, foram estatisticamente significantes o número
de sujeitos com alteração: no intervalo interpico I-V da orelha direita; na latência
absoluta da onda I e no intervalo interpico III-V da orelha esquerda. Verificou-se que
frentistas apresentaram alteração estatisticamente significante nas médias de
limiares auditivos nas frequências de 0,5 (p=0,004), 2 (p=0,001), 3 kHz
(p=0,025),9kHz (p=0,007) e 10 kHz (p=0,026). No PEATE, observou-se diferença
estatisticamente significante no intervalo interpico III-V da orelha direita (p=0,027) e
na latência absoluta da onda V na orelha esquerda (p=0,0257), no grupo exposto por
pelo menos três anos. No grupo exposto há mais de cinco anos foram
estatisticamente significantes o número de sujeitos com alteração no intervalo
interpico I-V da orelha direita (p=0,0173), na latência absoluta da onda I e no
intervalo interpico III-V da orelha esquerda (p=0,0173).