Estudo comparativo da aquisição do /r/ na posição de onset simples por crianças de dois municípios do Rio Grande do Sul
Abstract
O objetivo geral deste estudo é determinar e comparar a aquisição e o surgimento do rforte
em onset simples, bem como a influência das variáveis linguísticas e
extralinguísticas na aquisição deste fonema por crianças residentes nos municípios de
Santa Maria-RS e Crissiumal-RS. A amostra de fala utilizada na pesquisa é composta
por 76 entrevistas em Crissiumal e 60 entrevistas em Santa Maria, com um total de 136
informantes. Os sujeitos possuem idades entre 1:6 e 4:2. Os dados de fala de Santa
Maria são provenientes de um banco de dados que contém amostras de fala de
crianças com desenvolvimento fonológico típico, o qual foi criado a partir da realização
de um projeto de pesquisa. Para a coleta de dados em Crissiumal, foi solicitado que as
crianças observassem desenhos temáticos, parte da Avaliação Fonológica da Criança
(AFC) (YAVAS, HERNANDORENA & LAMPRECHT, 1991) e também que nomeassem
as figuras para observar a forma como elas produzem o r-forte . Os dados foram
analisados por faixa etária para se chegar a um perfil aquisitivo. Após, para as análises
estatísticas em relação às variáveis linguísticas contexto precedente, contexto seguinte,
tonicidade, número de sílabas e posição na palavra; e das variáveis extralinguísticas
sexo e idade, contou-se com o apoio do Pacote Computacional VARBRUL, que é um
pacote estatístico amplamente utilizado em análises quantitativas variacionistas e de
aquisição fonológica. Através da análise dos dados, constatou-se que o /R/ surge aos
2:0 nas crianças residentes em Santa Maria e aos 2:2 nas crianças residentes em
Crissiumal. Em Santa Maria, o fonema é considerado adquirido aos 3:6 em onset inicial
e aos 3:4 em onset medial. Já em Crissiumal o fonema se estabiliza em onset inicial
aos 4:2 e em onset medial aos 4:0. Além disso, em Santa Maria o programa estatístico
selecionou as variáveis linguísticas contexto seguinte e número de sílabas em onset
inicial e a variável extralinguística sexo, tanto em onset inicial quanto em onset medial.
Em Crissiumal, a variável linguística tonicidade foi selecionada em onset inicial e a
variável linguística contexto seguinte foi selecionada em onset medial. Concluindo, a
partir dos dados coletados, é possível constatar que as crianças residentes em Santa
Maria adquirem o /R/ mais cedo que em Crissiumal. Outro aspecto relevante é que a
maioria das variáveis linguísticas e as variáveis extralinguísticas consideradas afetam a
aquisição do /R/ de forma distinta, conforme a variante dialetal utilizada.