Desempenho na linguagem receptiva e expressiva de crianças com síndrome de Down
Fecha
2006-03-30Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Esta pesquisa objetivou verificar o desempenho da linguagem receptiva e expressiva de crianças com Síndrome de Down (SD), falantes do português, considerando idade cronológica, de desenvolvimento e de emergência. Foram avaliadas dez crianças pré-escolares com SD e vinte com desenvolvimento típico. Os grupos foram equiparados pela Idade de Desenvolvimento. Utilizou-se o instrumento de avaliação Perfil Psicoeducacional Revisado (PEP-R) (Leon, 2002), que verifica as idades do desenvolvimento geral e por área, fornecendo informações sobre as habilidades que a criança está pronta para adquirir ou habilidades emergentes. Foram avaliadas as áreas de Imitação, Percepção, Motora Fina, Motora Ampla, Viso-Motora, Compreensão e Expressão de Linguagem.
Também foram avaliadas quatro dimensões da Escala de Comportamento: relacionamento e afeto; brincar e interesse por materiais; respostas sensoriais e linguagem. Na análise estatística utilizou-se o pacote SPSS, versão 10.0, com comparações entre o grupo de estudo (GE) e o grupo controle
(GC), e das crianças com SD entre si. Além disso, cada criança do GE foi comparada aos seus pares correspondentes do GC, de mesma Idade de Desenvolvimento. Os resultados do GE indicaram que, enquanto a Compreensão de Linguagem mostra-se em níveis similares à Idade de Desenvolvimento
e abaixo da Idade Cronológica, a Expressão de Linguagem destaca-se com atraso significativo. Os déficits de Linguagem Expressiva são melhores que o atraso global no GE. As crianças do GC demonstram perfil harmônico de desenvolvimento, enquanto que o GE aparece com um perfil
decrescente com Idade Cronológica mais alta, seguida da Idade de Desenvolvimento, de Compreensão de Linguagem e, por último está a de Expressão de Linguagem. No GE, a Área da Compreensão de Linguagem está correlacionada com a área da Percepção, Motora Fina e Viso- Motora, enquanto que a Área da Expressão de Linguagem encontra-se somente associada à área de Imitação. Os aspectos que apareceram mais afetados na Escala de Comportamento, área de
linguagem, foram o uso de pronomes e as habilidades sintáticas com as habilidades lexicais menos comprometidas do que as gramaticais. Conclui-se, com esta pesquisa que, em relação ao GE, o atraso na aquisição de habilidades de produção da linguagem destaca-se como uma importante
característica a respeito dos problemas de linguagem; os déficits de linguagem Expressiva são significativamente maiores em relação ao atraso global; verifica-se a existência de características diferentes de desenvolvimento entre o GE e o GC com assincronia entre as Áreas de Compreensão e
Expressão de Linguagem e entre as Áreas de habilidades expressivas e emergentes; a aparente ausência de ligação entre a recepção e produção de linguagem sugere que a Área de Expressão poderia funcionar como um módulo independente; a Expressão de Linguagem é limitada pela
capacidade de imitação da criança; as dificuldades em imitar das crianças com SD poderiam contribuir para o atraso da produção verbal;fica descartada a possibilidade das crianças com SD apresentarem um desenvolvimento similar, apenas mais lento, do que ao das crianças sem SD. Enquanto a compreensão, inicialmente, parece que se desenvolve em paralelo com as habilidades cognitivas ela, gradualmente, fica aquém do estágio de desenvolvimento global da criança.
Constatam-se evidências que as diferenças de desenvolvimento de Expressão de Linguagem apresentam-se maiores à medida que a idade cronológica da criança aumenta. Além do atraso cognitivo e de linguagem, os indivíduos com SD apresentam problemas articulatórios significativos, que contribuem para que a sua fala seja menos inteligível. Os escores das habilidades emergentes poderiam sugerir índices para prognóstico futuro de desenvolvimento de linguagem nas crianças com SD, a serem comprovados por pesquisas longitudinais.