Concordância entre a avaliação clínica e videofluoroscópica em pacientes disfágicos
Resumo
Introdução: A concepção atual de atuação fonoaudiológica na disfagia exige o uso de protocolo de avaliação clínica que possa fornecer respostas sensíveis e específicas quanto ao grau da alteração da deglutição. Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi estabelecer a concordância entre o protocolo clínico de avaliação de disfagia (PARD) e avaliação objetiva através da videofluoroscopia em pacientes com distúrbio da deglutição assim como verificar o nível de ingestão oral após as respectivas avaliações em diferentes patologias. Método: Esta pesquisa tem caráter exploratório, quantitativo, transversal e retrospectivo em banco de dados. A amostra foi constituída por 91 pacientes, 55 homens e 36 mulheres com idades entre 18 e 89 anos. Foi realizada a avaliação clínica da disfagia com o uso do Protocolo de Avaliação do Risco para a Disfagia - PARD (PADOVANI et al, 2007), aplicação da escala Functional Oral Intake Scale for Dysphagia in Stroke Patients FOIS (CRARY et al, 2005), avaliação videofluoroscópica da deglutição e aplicação da escala de penetração/aspiração (ROSENBECK et al., 1996). Para atingir os objetivos desta pesquisa e garantir a confiabilidade do diagnóstico de disfagia todos os exames de VFD foram reanalisados por três juízas a fim de se estabelecer a concordância entre elas. Resultados: A análise da concordância do diagnóstico na avaliação objetiva entre as juízas segundo o ICC foi substancial e segundo índice Kappa foi considerada moderada. A concordância entre avaliação clínica (PARD) e objetiva foi moderada e verificou-se que a VFD detectou características específicas da deglutição não identificadas na avaliação clínica. A concordância entre FOIS/PARD e FOIS/VFD calculada através do teste de Kappa foi moderada, já a correlação geral foi forte. Dos 24 pacientes que receberam indicação de via alternativa total de alimentação, ou seja, nada por via oral, 13 (54%) receberam indicação de pelo menos uma consistência de alimentação após a realização da VFD. Pode-se constatar que segundo a avaliação clínica 35 pacientes necessitavam de via alternativa de alimentação enquanto que após a VFD 25 pacientes ainda tinham indicação de via alternativa de alimentação. Conclusão: O PARD demonstrou ser uma ferramenta capaz de estabelecer a presença de disfagia em pacientes portadores de diferentes patologias, porém não identifica características que são passíveis de análise somente com a videofluoroscopia, ratificando a necessidade de um método de avaliação objetiva para complementar o diagnóstico de disfagia. Houve concordância forte entre a FOIS após avaliação clínica por meio do protocolo PARD e a videofluroscopia da deglutição. A VFD conferiu maior precisão na indicação do uso de vias alternativas de alimentação e liberação da via oral. Além disso, observou-se que a FOIS é um marcador eficaz para determinação do nível de ingestão oral para os casos de disfagia cuja origem foi as neoplasias, as doenças do aparelho circulatório e do aparelho respiratório.