A trajetória na atenção pré-natal e na parturição de mulheres mães de recém-nascidos de risco
Resumo
Em relação à saúde da criança, constata-se a importância do cuidado no pré-natal, em prol de garantir uma gestação tranquila e saudável, e contribuir para diminuir indicadores de morbimortalidade materna e neonatal. Objetivou-se conhecer a trajetória da gestação e pré-natal de mulheres que tiveram seus filhos internados em terapia intensiva neonatal e descrever aspectos relacionados ao parto e ao nascimento de recém-nascidos que necessitaram de internação em terapia intensiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que participaram 25 mães de recém-nascidos internados em terapia intensiva neonatal de um hospital de ensino público no sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu em 2014 por meio de entrevistas semiestruturadas. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os resultados apontaram que as participantes interromperam o uso do anticoncepcional e, por vezes, se descobriram gestantes ao buscarem atendimento devido a problemas de saúde. Embora com uma gestação considerada de risco, perceberam-na como um momento tranquilo e realizaram pré-natal. As mulheres iniciaram o pré-natal, tardiamente e tiveram dificuldades em estabelecer vínculo com os profissionais e não se sentiram acolhidas nos serviços de saúde. As participantes realizaram uma peregrinação para conseguirem atendimento para si e seus filhos no momento do parto. O tipo de parto foi definido pelas condições clínicas do binômio mãe-filho. Os achados deste estudo apontaram que as mulheres precisaram realizar uma peregrinação para ter acesso aos serviços de saúde para um parto com segurança. A situação de risco, no momento do parto, obstaculizou o direito destas mulheres à participação no processo como um todo. Isto vai de encontro ao preconizado pelas políticas públicas vigentes. Nesse contexto, também devido à situação de fragilidade clínica do bebê, o contato direto e imediato com a mãe foi prejudicado pela necessidade de internação. Recomenda-se para a prática dos profissionais de saúde, o esclarecimento às mulheres sobre o planejamento reprodutivo e acerca das condições da gestação e o direito ao acesso a um serviço de referência de forma segura.