Higienização das mãos: conhecimento e adesão de profissionais da saúde em unidade de pronto-socorro
Resumo
A higienização das mãos (HM) é uma precaução primordial eficaz na redução dos eventos adversos, além de um grande desafio nos diferentes campos de prática assistencial e da pesquisa científica. Este estudo objetivou avaliar o conhecimento e a adesão dos profissionais de saúde a respeito da higienização das mãos em unidade de pronto-socorro. Trata-se de um estudo com delineamento longitudinal prospectivo, com abordagem quantitativa. Foi desenvolvido no Pronto-Socorro do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), com 69 profissionais de saúde (residentes, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas) que mantiveram contato direto com paciente clinicamente estável. A coleta de dados foi realizada entre março e julho de 2015, utilizando instrumentos validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em duas etapas. Na primeira, aplicou-se a técnica de observação direta não participante, com preenchimento do Formulário de observação . Durante o acompanhamento foram observados os cinco momentos preconizados para HM, levando-se em conta os conceitos de Oportunidade, Indicação e Ação. Cada profissional foi observado em três momentos diferentes, com intervalo médio de 15 dias (DP= 9) entre as sessões. O intervalo de tempo entre a primeira sessão de acompanhamento e a última teve em média 28 dias de diferença (DP= 9). Na segunda etapa, foi aplicado o questionário Teste de conhecimento a respeito da higienização das mãos para profissionais de saúde , com questões classificadas em certo e errado . A organização dos dados foi realizada no programa Epi-info®, versão 6.4, com dupla digitação independente. Após a verificação de erros e inconsistências, a análise dos dados foi realizada no programa PASW Statistics® (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago, USA) 18.0, por meio da estatística descritiva e analítica. Dos 69 participantes, 59 foram acompanhados durante três sessões de observação. Destes, 53 responderam ao questionário de conhecimento. Em 111 dias de acompanhamento, foram realizadas 166 sessões, com duração média de 11 min. (DP= 50s) cada. Nelas, observaram-se 166 oportunidades para HM; porém em 90 delas a HM foi realizada. A taxa de adesão global foi de 54,2%; no primeiro acompanhamento foi de 50,8% e no último, 59,6%. Os enfermeiros e os fisioterapeutas foram os que obtiveram maiores percentuais de adesão (66,6%; p< 0,05). Ao ser comparada a adesão entre as categorias profissionais, verificou-se que os enfermeiros tiveram maior aderência à HM do que os técnicos de enfermagem (RC: 2,83; IC: 95% [1,08 7,4]). Com as demais categorias não houve diferença estatística. No que se refere ao teste de conhecimento, os maiores percentuais de acertos, acima de 90%, foram referentes a via de transmissão, técnica, produtos e transmissão ao profissional de saúde. Conclusão: A baixa adesão e conhecimento restrito sobre os benefícios da utilização do álcool para a HM remetem à necessidade de investimento adicional em capacitações para os profissionais de saúde sobre as práticas seguras relacionadas à HM, com vistas a elevar a cultura de segurança do paciente no pronto-socorro.