Avaliação da vegetação ribeirinha em resposta à redução da vazão à jusante da UHE Passo São João
Resumo
Diante da atual e crescente demanda por recursos naturais, em especial dos recursos hídricos, busca-se uma forma de minimizar os impactos causados pela interferência antrópica em áreas de vegetação ribeirinha. Estes ambientes possuem uma importante funcionalidade aos ecossistemas pertencentes e circundantes devido ao fato desta vegetação possuir características intrínsecas e adaptadas ao meio hidro ecológico. O barramento de rios para utilização da água como fonte energética (objeto de estudo deste trabalho) causa vários impactos ao meio ambiente, um dos principais é a alteração do regime natural de pulsos e, muitas vezes, a redução da vazão a jusante das obras. A redução da vazão em determinados trechos do curso d´agua, além de necessitar um estudo aprofundado a respeito dos impactos causados pela redução do nível de água a jusante da seção de aproveitamento, torna-se indispensável a análise da vegetação, solo e geologia local. Estes fatores relacionados com as características morfofisiológicas das diferentes espécies encontradas nestes locais determinarão se o ecossistema atual, observado nas cotas altimétricas naturais anteriormente encontradas na área de vegetação ribeirinha, terá condições de se adaptar às cotas inferiores verificadas após a implantação do barramento, ou seja, no trecho de vazão reduzida (TVR). Para determinação e diferenciação da vegetação foi necessário o estudo e desenvolvimento de uma metodologia de análise por cotas. Esta análise foi realizada pelo método de pontos que consistiu em uma classificação e identificação por caracteres funcionais das plantas existentes em três unidades amostrais (UA‟s) locadas no TVR da UHE Passo São João, município de Roque Gonzales-RS. Além disso, foram realizadas coletas de amostras de solo nas diferentes cotas das três UA‟s para análise física e química. Desta forma, foi possível determinar que a variável solo (características físicas e químicas), não possuem variação significativa por intervalo de cotas e, portanto, não são consideradas necessárias para estudos de variações adaptativas da vegetação ali estabelecida. Contudo, diante deste fato e dos resultados gerados, pode-se fortalecer a hipótese de que a variável hidrológica é, de forma direta, responsável pela variação adaptativa das espécies vegetais destas áreas.