Retração total e penetração de cloretos de concretos compostos com cinza de CCA de diferentes teores de carbono grafítico
Resumo
A utilização de subprodutos agroindustriais com características pozolânicas
tem sido uma das alternativas encontradas diante do crescente consumo de
cimento, visando à racionalidade e à sustentabilidade das jazidas fornecedoras de
matérias-primas para produção do clínquer e à maior vida útil das estruturas de
concreto. Nesta pesquisa, investiga-se a influência do período de cura e da
utilização de cinza de casca de arroz com diferentes teores de carbono grafítico na
resistência à compressão axial, retração total e penetração de íons cloreto de
concretos com cimento Portland de alta resistência inicial. Os teores de substituição
ao cimento Portland adotados foram de 0%, 5%, 10%, 20% e 30%, as relações
água/aglomerante de 0.35, 0.50 e 0.65 e os períodos de cura úmida de 3 e 7 dias.
Uma mistura com 10% de sílica ativa em substituição ao cimento Portland foi
empregada como parâmetro de comparação. A resistência à compressão axial foi
avaliada em corpos de prova cilíndricos (Ø 100 mm x 200 mm) segundo as normas
NBR 5738 e 5739, para as idades de 28 e 91 dias. A determinação da retração foi
feita conforme recomendações da ASTM C-157 (ASTM, 2006) e ASTM C-490
(ASTM, 2004) em corpos de prova de dimensões 100 mm x 100 mm x 285 mm
avaliados nas idades de 7, 14, 21, 28, 35, 56, 91 e 182 dias. A avaliação de
penetração de íons cloreto (imersão em solução salina) foi realizada nas idades de
7, 14, 28, 56 e 91 dias. Antes de serem imersos em solução salina, os corpos de
prova foram submetidos a um período de secagem de 91 dias. Dos resultados
obtidos, constatou-se, para todas as misturas investigadas, que o aumento do
período de cura úmida resultou em maiores valores de resistência à compressão,
menores valores de retração e menor penetração de íons cloreto para as misturas
investigadas. Comportamento contrário foi observado com o aumento da relação
a/ag. As misturas compostas com CCA de menor teor de carbono grafítico (clara)
apresentaram os maiores valores de resistência à compressão, contudo, quando se
analisa em igualdade de teor de substituição, esse comportamento varia em função
da relação a/agl, idade de ensaio e prazo de cura, não apresentando uma tendência
geral. Esse comportamento também é válido quando se analisa as misturas com
CCA e SA. No ensaio de retração e de penetração de cloretos após retração, as
misturas compostas com CCA de menor teor de carbono grafítico apresentaram, no
geral, melhor desempenho com menores valores de retração e de penetração de
cloretos.