Tratamento de efluente proveniente da bovinocultura de leite empregando Wetlands construídos de escoamento subsuperficial
Resumo
Os efluentes oriundos das instalações de bovinocultura leiteira, quando mal gerenciados podem promover impactos ambientais significativos, necessitando, portanto, da implantação de alternativas tecnológicas com vistas à manutenção da qualidade ambiental. Dentre elas destacam-se os filtros plantados com macrófitas FPM (wetlands construídos), os quais são sistemas com baixo requerimento operacional, projetados para atuar na depuração de efluentes de origens diversas. A utilização desta tecnologia voltada para o tratamento de efluentes produzidos em salas de ordenha de bovinocultura de leite vem sendo intensificadas desde 1998, contudo, no Brasil poucos são os estudos relacionados com este tipo de efluente. Este trabalho tem como objetivo geral avaliar a aplicabilidade de filtros plantados com macrófitas, empregados no tratamento do efluente de uma instalação de bovinocultura de leite. Implantou-se duas unidades FPM pós lagoa de armazenamento (área 116 m²), a qual recebe efluente proveniente de uma unidade produtiva leiteira (capacidade diária de produção de 140 litros de leite). Os FPM foram operados em paralelo e caracterizam-se, por um filtro plantado com macrófitas de fluxo horizontal FPMH (área superficial de 26,5 m²) e um filtro plantado com macrófitas de fluxo vertical FPMV (área superficial de 14,3 m²). Ambos os filtros foram escavados no solo, impermeabilizados, preenchidos com areia grossa (d10 =0,30 mm e d60 =0,75mm) como material filtrante e plantados com a macrófita Typha domingensis Pers. O FPMH operou sob um regime hidráulico de 3,98 m³/semana e o FPMV com 4,5m³/semana. O efluente tratado foi infiltrado no solo, através de valas de infiltração construídas no local. Por meio do monitoramento físico-químico e biológico ao longo de 12 meses, verificou-se maior desempenho de efluente tratado para o FPMH com eficiências médias de remoção em termos de carga de 87% de DQO, 81% de DBO, 90% de SS, 80% de NTK, 80% N-NH4 e 68% de P-PO43-, respectivamente. Para o FPMV as eficiências obtidas foram de 70% de DQO, 52% de DBO, 70% de SS, 73% de NTK, 81% de N-NH4 e 16% de P- PO43-, respectivamente. Foi quantificado uma evapotranspiração média de 49% para o FPMH, sendo que as maiores taxas de evapotranspiração ocorreram nos meses em que a temperatura e a área foliar das macrófitas foram maiores. Notou-se que os maiores teores de nutrientes no tecido foliar das macrófitas ocorreram simultaneamente com as maiores velocidades de crescimento das mesmas, que se deram no início do desenvolvimento das plantas. O tecido foliar das macrófitas do FPMH foi responsável por remover 5,12% da carga de N e 3,16% da carga de P aplicada no filtro, já no FPMV as macrófitas removeram 0,88% da carga aplicada de N e 0,30% da carga aplicada de P. A partir dos resultados obtidos nesse estudo recomenda-se a utilização dos FPM como uma alternativa tecnológica de tratamento de efluente liquido oriundo das instalações de bovinocultura de leite.