Parâmetros elásticos típicos de materiais de pavimentos flexíveis do Rio Grande do Sul e sua aplicação em uma análise de custo/benefício
Resumo
A implantação de sistemas viários modernos, com toda infraestrutura necessária para que o
usuário trafegue com segurança e conforto, requer elevados níveis de investimentos
financeiros. Os gastos substanciais com manutenção e reconstrução precoce de nossos
pavimentos são inaceitáveis, uma vez que dispomos de equipamentos de campo e laboratório
que permitam melhor entendimento acerca dos materiais e métodos de projeto. Desta forma,
esta pesquisa teve como objetivos gerais estruturar-se um banco de dados com materiais e
parâmetros elásticos típicos de pavimentos flexíveis do Rio Grande do Sul, através do
processo de retroanálise, determinando-se as melhores opções estruturais com vistas à relação
custo-benefício, facilitando o trabalho de engenheiros em projetos de pavimentos flexíveis.
Foram obtidos os módulos resilientes de cinco rodovias federais localizadas no estado (BR
158, BR 285, BR 287, BR 290 e BR 392), através de retroanálise das bacias deflectométricas
coletadas com o equipamento FWD, disponibilizadas pelo DNIT. Após a aplicação de um
filtro estatístico baseado no coeficiente de variação percentual, no intuito de eliminarem-se os
dados espúrios, gerou-se um banco de dados de módulos resilientes típicos dos materiais
avaliados. A partir do banco de dados e de consulta bibliográfica, definiram-se conjuntos
estruturais por meio de diferentes combinações entre módulos resilientes e espessuras de
camadas comumente utilizadas em pavimentos flexíveis. Utilizando-se os conceitos de análise
mecanicista, avaliou-se através do software AEMC, as deformações específicas de tração na
fibra inferior do revestimento (t), e de compressão no topo do subleito (c), as quais,
posteriormente, subsidiaram a aplicação de modelos de desempenho para fadiga e deformação
permanente consolidados na literatura, permitindo a obtenção do número N de eixos padrões
para cada conjunto estrutural definido. Em paralelo, empregando-se o sistema de custos
rodoviários (SICRO II) do DNIT, orçaram-se os serviços de pavimentação, determinando-se o
custo/km para as estruturas previamente definidas. Cruzando-se os dados de custo/km e N
crítico (avaliado a partir da comparação dos resultados obtidos pelos modelos de
desempenho), obteve-se a relação custo/benefício para todos os conjuntos de dados.
Avaliando-se as 100 posições mais econômicas, observa-se que 100% dos conjuntos
estruturais possuem as maiores espessuras de concreto asfáltico arbitradas (12,5 cm). Percebese
também, a influência do módulo do concreto asfáltico, onde, 88 % das ocorrências entre as
100 primeiras posições possuem o maior módulo resiliente arbitrado. Desta forma, conclui-se
que as variáveis que produzem as melhores relações custo/benefício são o módulo e a
espessura da camada de concreto asfáltico.