Estudo da interface entre blocos cerâmicos e argamassas de chapisco
Abstract
A análise dos mecanismos de aderência entre argamassas de revestimento e substratos porosos tem sido alvo de
muitos pesquisadores, devido à importância que tem para garantir o desempenho do sistema. Com base no
referencial teórico sobre o tema, este trabalho de natureza experimental teve como objetivo principal analisar a
influência da topografia superficial de blocos cerâmicos na aderência de argamassas de chapisco e a sua relação,
ainda, com o conjunto de características dos agregados miúdos que compõem as argamassas de chapisco.
Inicialmente, os substratos e os materiais componentes das argamassas foram caracterizados através do grupo de
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas; na sequência, foram realizados ensaios de caracterização
das argamassas nos estados fresco e endurecido. Na fase de testes, os blocos receberam as argamassas de
chapisco. As variáveis experimentais estudadas foram: três tipos de blocos cerâmicos (bloco cerâmico de
vedação com faces lisas, bloco cerâmico de vedação com faces ranhuradas horizontais, e bloco cerâmico de
vedação com faces ranhuradas verticais); e dois tipos de argamassas de chapisco (uma elaborada com areia grossa
e outra com areia média). Dessa forma, surgiram seis interfaces que foram avaliadas através de aspectos
relacionados à resistência de aderência à tração e à permeabilidade e absorção pelo método do cachimbo. Na
intenção de observar a extensão de aderência e o envolvimento dos grãos de areia pela pasta das argamassas de
chapisco, foram feitas análises da interface através da observação por lupa estereoscópica e microscópio
petrográfico. Foram pesquisadas as características das areias que influem no desempenho das argamassas de
chapisco em seu estado fresco e endurecido, com ênfase nos parâmetros texturais das areias, avaliados com
auxílio da análise petrográfica. Os resultados mostraram que há correlação direta entre a extensão de aderência,
proporcionada pelas ranhuras dos blocos cerâmicos e a resistência de aderência à tração, possibilitada pela
natureza fluida da argamassa de chapisco, indicando, assim, a forte influência do tipo de bloco cerâmico nos
resultados de aderência à tração. De outro lado, o estudo das características das areias, representadas,
principalmente, pela composição granulométrica, massa específica, massa unitária, índice de vazios, graus de
arredondamento e esfericidade e mineralogia revelou-se útil no sentido de compreender o papel dos agregados
miúdos perante o desempenho das argamassas de chapisco. Notou-se que a resistência de aderência à tração foi
maior para as argamassas de chapisco com areia grossa do que com areia média, quando se compara um mesmo
tipo de bloco, embora os testes tenham apontado diferenças não significativas. Esse fato pode ser explicado pela
pouca diferença entre algumas das características das areias utilizadas; porém, a areia grossa estudada parece
proporcionar um maior entrosamento dos grãos envolvidos pela pasta da argamassa, indicado pelo grau de
arredondamento. Foram observadas, ainda, relações diretas na obtenção de resultados quando se compara a
permeabilidade e absorção pelo método do cachimbo com o ensaio do índice de absorção inicial de água (AAI)
e AAI estendido. A constatação final é de que o tratamento de base através do emprego de chapisco pode
proporcionar vários benefícios: aumento da rugosidade da base, aumento da resistência de aderência à tração e
regulagem da capacidade de sucção. Possibilitando, com isso, homogeneizar a absorção de água por parte do
substrato, evitando diferentes tempos de sarrafeamento e desempeno para a camada de revestimento. Assim, o
tratamento da base com uso do chapisco pode aumentar o desempenho e a durabilidade dos revestimentos de
argamassa.