Geração de metano em lagoa anaeróbia: um estudo de caso em abatedouro de bovinos
Abstract
Este trabalho objetiva avaliar a emissão de metano (CH4) gerado em uma lagoa de estabilização anaeróbia utilizada no tratamento de águas residuárias de um abatedouro de
bovinos, o qual está localizado no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul (RS). Adicionalmente à quantificação do CH4 por cromatografia gasosa, foi avaliada a emissão de
outros gases de efeito estufa (GEE), tais como o dióxido de carbono (CO2) e o óxido nitroso (N2O). Foi verificada a ocorrência de dois tipos de fluxos para a liberação de metano
produzido: o difusivo, com média diária igual a 196,0 ± 51 mgCH4m-2h-1; e o ebulitivo, resultante da liberação aleatória e súbita de gases na forma de borbulhas, com variações entre
67,0 e 1.295,0 mgCH4m-2h-1. Os valores de fluxos calculados a partir de modelos teóricos apresentaram-se sensivelmente maiores do que os experimentais, variando de 387,0 a 410,0
mgCH4m-2h-1, uma vez que não levaram em conta as diferentes variáveis de interferência no tratamento anaeróbio, como as necessidades e interações entre bactérias, diluição do efluente líquido, e fatores físico-químicos. Os dados revelaram uma maior produção de CO2 (55 vol%) do que de CH4 (45 vol%) indicando redução na produção de CH4 ou sua oxidação parcial causada por oscilação na camada de escuma verificada durante o período da pesquisa. A presença de N2O nas amostras indicou a presença de O2 dissolvido no efluente. Os resultados obtidos nesse estudo evidenciam que as lagoas anaeróbias constituem importantes fontes de GEE, ressaltando a importância no controle na utilização dessa tecnologia, como uma forma de mitigar a emissão de compostos gasosos para a atmosfera e contribuir para a redução nos possíveis efeitos negativos sobre o meio ambiente.