Avaliação da aplicação de CO2 supercrítico na presença de cosolventes para a reciclagem de placas de circuito impresso de celulares
Resumo
O desenvolvimento tecnológico e marketing intenso propiciam o crescimento da demanda por equipamentos elétricos e eletrônicos (EEE), os quais apresentam como componente primário as placas de circuito impresso (PCIs). Como esses equipamentos vêm se tornando obsoletos em um menor intervalo de tempo, as PCIs residuais tornam-se um problema, necessitando de reciclagem. As PCIs são compostas por cerâmicos, polímeros e metais, com destaque para o cobre, metal presente em maior percentual, além de conterem substâncias tóxicas como os retardantes de chama bromados e os metais pesados. De modo que as PCIs representam um problema e uma oportunidade ao mesmo tempo, pois requerem tratamento adequado e são compostas por materiais com valor econômico agregado. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar a aplicação de CO2 supercrítico na presença de cosolventes para a recuperação do cobre e na remoção dos polímeros de PCIs de celulares, visando o desenvolvimento de um processo de reciclagem mais eficiente e ambientalmente aceitável. O estudo compreendeu o processamento mecânico das PCIs separadas manualmente de celulares descartados; a caracterização das PCIs; a recuperação do cobre a partir da lixiviação com CO2 supercrítico e H2O2 e H2SO4 como cosolventes, realizada de forma comparativa com a lixiviação à pressão atmosférica utilizando H2O2 e H2SO4 como agentes lixiviantes; a eletro-obtenção do cobre lixiviado supercriticamente; e a recuperação da fração polimérica contida nas PCIs, empregando etanol como cosolvente. Os resultados obtidos no processamento mecânico indicaram que as duas moagens, realizadas em moinho de martelos, seguido de facas, foram importantes para a redução das PCIs a partículas de diâmetro inferior a 2 mm. A partir das lixiviações com água régia, determinou-se que as PCIs contêm 34,83% em massa de cobre. As etapas de caracterização demonstraram que as PCIs são compostas por 64,02% de metais, 20,51% de cerâmicos e 15,47% de polímeros. Os resultados mostraram que a lixivação supercrítica é 9 vezes mais rápida do que a lixiviação à pressão atmosférica. Extraiu-se, em 20 minutos de lixiviação supercrítica, cerca de 90% do cobre contido nas PCIs, empregando uma razão sólido:líquido de 1:20, 20% (v/v) de H2O2 e H2SO4 (2,5M). A partir da eletro-obtenção, realizada em uma densidade de corrente de 250 A/m², recuperou-se o cobre na forma de depósito metálico com 95,97% de pureza, alcançando uma eficiência de corrente de 99%. Extraiu-se 69,53% dos polímeros presentes nas PCIs, a partir de CO2 supercrítico modificado com etanol, a 170°C e 7,5 MPa. Portanto a aplicação de CO2 supercrítico na presença de cosolventes é um método promissor e eficiente à reciclagem das PCIs.