Modelo de avaliação da organização de sistemas agroindustriais: o caso da cadeia produtiva do biodiesel
Resumo
A energia é considerada o motor do desenvolvimento sócio-econômico das sociedades industriais, pois está presente em todas as etapas de produção. Deste modo, a constante
expectativa de falta de energia torna a projeção de políticas de desenvolvimento impraticáveis. O Brasil é um país que procura estar inserido na economia global e não pode
perder competitividade pela falta de energia disponível, devido as vastas extensões territoriais e clima favorável à produção de diferentes tipos de combustíveis de origens renováveis, com destaque para o biodiesel, que fortalece o agronegócio, por criar um novo mercado para as oleaginosas, e diminui a dependência dos derivados de petróleo. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a cadeia produtiva do biodiesel, no estado do Rio Grande do Sul, localizado na Região Sul do Brasil, que está entre os principais estados produtores. O estudo teve como base o modelo Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), levando em consideração as
transações que ocorrem entre os fornecedores de matéria-prima e produtores, e ainda as particularidades dos sistemas agroindustriais num ambiente sujeito aos choques externos. Para permitir uma melhor compreensão das informações coletadas durante a pesquisa de campo, foi utilizada a ferramenta de modelagem de informações Integration Definition Language 0 (IDEF0), que serve de base para estruturar o ambiente analisado. Os resultados mostraram que
a cadeia de produção do biodiesel é caracterizada como incipiente e fortemente ligada às ações do governo federal, resultando na ineficiência produtiva de todo o setor. O comércio de biodiesel é realizado mediante leilões públicos, com poucos compradores. As variáveis cruciais de disputa do mercado são preço e qualidade do produto (adequação às
especificações). Existe grande expectativa quanto à abertura do processo de exportação. O principal gargalo para as firmas entrantes é a obtenção de matéria-prima em quantidade e
especificações determinadas para manter a qualidade do produto final. Destaca-se ainda que apesar da alta competitividade do setor, proporcionada pelo mercado restrito, existe certo nível de cooperação e troca de informações entre as organizações, principalmente quando se
trata de um problema comum ao setor como um todo. A cooperação é mais estreita e de forma mais participativa na relação entre as firmas e os fornecedores de matéria-prima, que é justificada pela necessidade de garantir a quantidade e a qualidade de insumos programada. Para isso, existem programas de auxílio técnico, de incentivo a culturas alternativas, buscando diversificar a matriz produtiva.