Influência do ângulo de plantio na propagação vegetativa de espécies utilizadas em engenharia natural
Resumo
A vegetação a ser empregada em técnicas propostas pela engenharia natural ou bioengenharia de solos necessita preencher alguns requisitos relacionados a aspectos ecológicos, fitossociológicos e de reprodução. As técnicas de engenharia natural utilizam as plantas em diferentes ângulos em relação ao terreno. Por esta razão, o presente trabalho tem por objetivo avaliar os efeitos de diferentes ângulos de plantio de estacas de Phyllanthus sellowianus Müll.
Arg., Salix humboldtiana Willd. e Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg., a fim de determinar a forma mais adequada para o plantio destas espécies. O experimento foi
conduzido no Laboratório de Silvicultura, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Rio Grande do Sul, no período de agosto a novembro de 2007. Os tratamentos consistiram no plantio de estacas das três espécies, em três ângulos diferentes de plantio em
relação ao terreno (10°, 30° e 90°). As estacas com 30 cm de comprimento, com diâmetro variável de 1,0 a 4,5 cm, foram coletadas no final de agosto, na região central do estado do Rio Grande do Sul. Dois terços da base das estacas foram inseridos em substrato inerte (areia). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 30 repetições por tratamento. Após 30 e 60 dias, foram observados os seguintes parâmetros: número de estacas
brotadas, número e comprimento dos brotos, e, aos 90 dias, além destes parâmetros, foram determinados a sobrevivência, o comprimento, o diâmetro, a massa seca dos brotos e o
comprimento, a massa seca e o volume das raízes. Os dados foram analisados estatisticamente através de programas estatísticos e Excel. Sebastiania schottiana não apresentou brotação, nem enraizamento, o que talvez possa ser explicado pela época de coleta das estacas, devendo ser testada em outras épocas do ano. O ângulo de plantio mostrou influência sobre algumas variáveis para Phyllanthus sellowianus e Salix humboldtiana. Ambas as espécies apresentaram altos valores de sobrevivência, com tendência de maiores resultados para
estacas plantadas em ângulo de 10° e 90° para Phyllanthus sellowianus (100%) e em ângulo de 30° para Salix humboldtiana (87%). Observaram-se correlações significativas entre as variáveis da parte aérea e do sistema radicial e a área da seção transversal das estacas, para os diferentes ângulos de plantio. As duas espécies apresentaram a maioria das raízes localizadas na base das estacas, exceto para as estacas plantadas em ângulo de 30°, as quais tiveram as
raízes distribuídas ao longo de toda a porção enterrada. Sugere-se a realização de novos estudos com outras espécies e também com outros ângulos de plantio, assim como a
utilização de maior amplitude diamétrica.