Alterações bioquímicas e estresse oxidativo associados ao hipotireoidismo
Abstract
O hipotireoidismo clínico é caracterizado pela diminuição na síntese dos hormônios
tireoideanos, com elevação dos níveis do hormônio tireoestimulante (TSH). É uma
desordem comum na população com maior incidência no sexo feminino e com a
progressão da idade. Freqüentemente está associado a alterações no metabolismo
lipídico, representadas pela elevação nos parâmetros lipídicos e consequentemente
com o desenvolvimento de aterosclerose. A associação entre hipercolesterolemia e
estresse oxidativo já é bem estabelecida, entretanto a presença de estresse
oxidativo no hipotireoidismo é controversa. O estresse oxidativo é caracterizado por
um aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) ou deficiência do
sistema antioxidante. Neste trabalho determinaram-se marcadores bioquímicos e de
estresse oxidativo em pacientes com hipotireoidismo clínico. Os marcadores
bioquímicos, colesterol total (CT), colesterol-LDL (LDL-C), colesterol HDL (HDL-C) e
triglicerídeos (TG) foram medidos em soro dos pacientes. A peroxidação lipídica foi
medida através dos níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS).
A avaliação do sistema antioxidante enzimático foi realizada através da medida da
atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) e os níveis de
antioxidantes não-enzimáticos através dos níveis de tióis totais (SH) e vitamina E
(VIT E). Os resultados demonstraram um aumento dos marcadores bioquímicos (CT,
LDL-C e TG) no grupo hipotireóideo, com relação ao grupo controle. Em relação a
peroxidação lipídica, observou-se um aumento dos níveis séricos de TBARS de
pacientes com hipotireoidismo quando comparados com o grupo controle. Esse
aumento também foi observado para as defesas antioxidantes enzimáticas, SOD e
CAT. Com relação aos antioxidantes não-enzimáticos, ocorreu um aumento nos
níveis séricos de VIT E no grupo hipotireóideo com relação ao grupo controle,
enquanto que para SH não foi observada diferença entre os grupos estudados.
Estes resultados sugerem a associação do hipotireoidismo clínico com
hipercolesterolemia e estresse oxidativo. Os altos níveis de colesterol apresentados
pelos pacientes com hipotireoidismo, exercem forte influência sobre a geração de
espécies reativas de oxigênio (ERO) e por conseqüência sobre o estresse oxidativo.
Os aumentos das enzimas SOD e CAT, sugerem a indução do sistema antioxidante
enzimático, na tentativa de combater a formação de ERO e a elevada peroxidação
lipídica. Concluí-se então, que o hipotireoidismo clínico, está associado à
hipercolesterolemia e ao aumento dos biomarcadores de estresse oxidativo.