Retirada do tratamento com atorvastatina e o dano por espécies reativas no córtex cerebral de ratos
Resumo
As estatinas são fármacos utilizados no tratamento das dislipidemias. Esses agentes são inibidores reversíveis da enzima limitante da via de biossíntese do colesterol, a 3-hidróxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase, e impedem a conversão do HMG-CoA a mevalonato. Além da capacidade de diminuir o colesterol plasmático, as estatinas também possuem efeitos que são independentes da inibição da via de biossíntese do colesterol, são os chamados efeitos pleiotrópicos. Dados da literatura tem demonstrado que os inibidores da HMG-CoA redutase possuem propriedades neuroprotetoras, relacionadas à melhora na função vascular devido ao aumento da produção de óxido nítrico, neste contexto, essa classe de fármacos tem se mostrado útil no tratamento e na prevenção de doenças neurodegenerativas tais como, Alzheimer e Parkinson. Por outro lado, estudos baseados em dados clínicos mostram que a após a interrupção abrupta do tratamento com estatinas ocorre um período em que as propriedades protetoras geradas são perdidas, e efeitos deletérios são ativados, levando ao aparecimento de uma deterioração rebote na vasculatura, o qual parece estar associado a alterações na atividade das enzimas óxido nítrico sintase endotelial e NADPH oxidase. Contudo, até o momento, pouco se sabe sobre esse feito da síndrome da retirada da estatina no sistema nervoso central. Sendo assim, esse estudo teve por objetivo verificar o efeito da retirada do tratamento com atorvastatina no córtex cerebral de ratos. Para isso, diferentes parâmetros do estresse oxidativo/nitrosativo foram medidos, tais como a imunoreatividade para os marcadores de dano 3-nitrotirosina, 4-hidroxinonenal e carbonil, a atividade das enzimas pró-oxidantes NADPH oxidase e xantina oxidase e das enzimas antioxidantes superóxido dismutase mitocondrial e citoplasmática, catalase e glutationa-S-transferase, bem como, o nível de óxido nítrico medido através do nitrito e nitrato. Os resultados obtidos mostram que a retirada do tratamento provoca diminuição na atividade da superóxido dismutase mitocondrial aumento na atividade da NADPH oxidase, o que sugere estar ocorrendo aumento na quantidade de radical superóxido. Associado a isso, foi visto diminuição no nível de óxido nítrico e aumento na imunoreatividade para 3-nitrotirosina, o que sugere que o superóxido está reagindo com o óxido nítrico levando a formação de peroxinitrito. Este último provoca a nitração de proteínas. O aumento da razão 3-NT/MnSOD, e da expressão da enzima visto por western blot, comprova a suposição de que a superóxido dismutase mitocondrial está sendo nitrada, essa nitração leva a uma menor detoxificação do superóxido, de modo que assim, é formado um ciclo. Assim, conclui-se que a retirada do tratamento com atorvastatina provoca dano oxidativo/nitrosativo no córtex cerebral de ratos devido a alterações na atividade das enzimas pró e anti-oxidantes.