Sobre a beleza como símbolo da moralidade em Kant
Resumo
Na Crítica da Faculdade do Juízo Kant preocupa-se com o problema da filosofia transcendental do Belo, buscando a possibilidade de um juízo estético universalmente válido, a priori e necessário. A estratégia adotada pelo autor inicia por definir o que o Belo não é (no caso, um juízo de conhecimento). Dentre outras coisas, distingue-se o comprazimento no Belo do comprazimento no Bom, sendo aquele desinteressado, ao passo que este contém um interesse na existência do objeto ajuizado. Esta diferença é feita já nos parágrafos iniciais do primeiro livro da Analítica do Belo. Não obstante, na medida em que Kant avança em sua análise sobre o sentimento do Belo (e posteriormente, do Sublime), o autor deixa transparecer que a separação entre um juízo estético (do Belo) e um juízo moral (do Bom) não é necessariamente abrupta e, por vezes, tais juízos constituem uma relação ambígua. No trabalho a ser realizado pretendo investigar a sinuosidade do discurso kantiano desenvolvido ao longo da terceira Crítica acerca da questão do Belo e do Bom, em especial a aparente mudança na argumentação de Kant a partir dos §§16 e 17, e afirmação da Beleza como Símbolo da Moralidade [KU, B253] no § 59 desta obra.