Os sentidos da felicidade: uma introdução ao estudo da metafísica da felicidade e da sabedoria de vida em Schopenhauer
Resumo
O presente estudo consiste numa investigação sobre a noção de felicidade na filosofia de
Schopenhauer. Pretendemos mostrar os diversos sentidos ou perspectivas de abordagem do
conceito na filosofia de Schopenhauer nos dois âmbitos fundamentais onde se desenvolve sua
reflexão ética: no campo metafísico e no domínio prágmático ou empírico-psicológico. A
análise inicia expondo o caráter diferenciado e complexo da filosofia moral
schopenhaueriana, buscando preparar o caminho para expor os traços conceituais da
abordagem de Schopenhauer, bem como os problemas que seu modelo metafísico de reflexão
impõe para o tratamento da felicidade. A exposição seguiu as seguintes etapas: em primeiro
lugar, apresentamos a presença da questão da felicidade nas diversas etapas do
desenvolvimento intelectual de Schopenhauer e explicitamos que sua análise parte de um
projeto implícito em sua ética, o qual consistiu em trazer a reflexão moral para as questões
mais relevantes da vivência humana, em seus diversos aspectos. Em segundo lugar,
caracterizamos o delineamento estrutural das principais noções de felicidade
schopenhaueriana a partir da perspectiva fundamental de sua filosofia, a saber, a metafísica.
Essa parte propõe uma base de compreensão do tema da felicidade por meio da discussão das
questões metafísicas em seus desdobramentos epistemológico, estético e ético, e,
posteriormente, a análise das três principais condições existencias que podem ser
interpretadas como estados de felicidade: a felicidade comum ou terrena , a felicidade
pura e a beatitude. Em terceiro lugar, apresentamos a segunda perspectiva fundamental de
exposição da felicidade que corresponde ao aspecto prágmático, desenvolvido na chamada
eudemonologia de Schopenhauer. Nessa seção apresentaremos os pressuposto conceituais
básicos da filosofia prática schopenhauriana que nortearam a reflexão sobre o tema. Os
conceitos fundamentais foram explorados tanto por meio do diálogo de Schopenhauer com
tradição da filosofia antiga, quanto buscando indicar as dificuldades teóricas que a proposta
de uma ciência ou sabedoria prudencial para a condução da vida impõe para Schopenhauer.
Por fim, foi feita uma análise de aspectos substanciais ou valorativos em torno dos elementos
ou ingredientes da vida feliz e das propriedades psicológicas da felicidade em conexão com as
análises de Schopenhauer nos Aforismos e alguns aspectos da psicologia moral
contemporânea. O último capítulo pretende ser, portanto, uma complementação da análise
empírico-psicológica desenvolvida no terceiro, embora ali também seja dada ênfase para
algumas descobertas científicas em torno da felicidade. O estudo das teorias contemporâneas
revelam as conclusões de Schopenhauer sobre os elementos fundamentais da vida feliz e
relação aspectos empirico-psicológicos específicos.