Virtudes intelectuais e educação
Abstract
Este trabalho é uma tentativa de aplicar a epistemologia das virtudes no contexto
específico da prática e teoria educacional. Com o foco em traços de caráter intelectual,
tais como inquisitividade, mentalidade arejada e autonomia intelectual, eu exploro a
natureza das virtudes intelectuais, suas relações com as emoções, as razões para tratá-las
como um fim da educação, os critérios para a seleção de virtudes intelectuais relevantes
em ambientes escolares e algumas estratégias didáticas para cultivá-las na comunidade
escolar. O capítulo 1 aborda a natureza das virtudes intelectuais, onde se argumenta que
uma pessoa intelectualmente virtuosa se caracteriza por ser possuidora de uma condição
intelectual celebrável, de uma avaliação crítica e bem-informada sobre sua própria
condição intelectual e por ser responsável pela estabilidade e aperfeiçoamento de sua
própria condição intelectual. Ainda neste capítulo, apresento e exploro duas relações
que as virtudes intelectuais e as emoções estabelecem entre si. No capítulo 2 eu
desenvolvo três argumentos favoráveis à ideia de que as virtudes intelectuais devem ser
tomadas como um fim da educação. Algumas objeções quanto à desejabilidade desta
ideia são apresentadas e respondidas. Em seguida, passo à articulação de critérios para a
seleção de virtudes intelectuais relevantes em ambientes escolares. O capítulo 3 se
dedica à elaboração de estratégias gerais para o ensino de virtudes intelectuais. Algumas
virtudes intelectuais específicas são selecionadas para exemplificarmos como seria uma
educação voltada às virtudes intelectuais na prática. A seleção de tais virtudes é feita
com respeito a um ou outro critério de seleção estipulado no capítulo anterior.