Ecoturismo e interpretação da paisagem no Alto Camaquã/RS: uma alternativa para o (des)envolvimento local
Resumo
O rápido desenvolvimento da atividade turística e a sua massificação em nível mundial, a partir da
década de 1970, têm acarretado problemas de ordem social, econômica e ambiental. Como
conseqüência, neste mesmo período os movimentos ambientalistas ao mesmo tempo em que
condenavam a atividade turística, buscaram refletir sobre alternativas que proporcionassem a
redução dos impactos gerados. Assim, iniciaram-se novos padrões nas formas de se visitar a
natureza através do surgimento de diversas modalidades de turismo alternativo, que atuaram como
um contraponto às práticas predatórias de turismo de massa. É nesse contexto que o Ecoturismo
surge como uma das principais formas de contato com a natureza e valorização dos elementos
paisagísticos naturais. O Ecoturismo configura-se como uma tipologia de turismo que vem crescendo
mundialmente a cada ano, tendo como principal característica o aproveitamento do patrimônio natural
de forma sustentável, buscando sua proteção por meio da sensibilização, da interpretação e da
Educação Ambiental, incluindo ainda, aspectos socioculturais centrados, particularmente, na
valorização das culturas locais visitadas. O aproveitamento das potencialidades naturais como
atrativo turístico, somadas a aspectos culturais das comunidades receptoras, tem despontado como
uma das principais ferramentas de desenvolvimento endógeno de territórios que dispõem de rico
potencial paisagístico. A partir desta tendência, a presente dissertação possui como proposta de
estudo o levantamento do potencial paisagístico do quadro natural ligado ao patrimônio geológicogeomorfológico
do Alto Camaquã para o desenvolvimento do Ecoturismo, como uma ferramenta de
desenvolvimento territorial endógeno e as políticas públicas de proteção da paisagem. O Alto
Camaquã está localizado na Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul, no terço superior da Bacia
Hidrográfica do Rio Camaquã, situado entre a região da Campanha gaúcha e as Serras do Sudeste.
A presente pesquisa tomou como base metodológica a abordagem geossistêmica, para a
interpretação da paisagem do Alto Camaquã, através da identificação de unidades de paisagem.
Assim, foram identificados os principais pontos de efetivo interesse para o desenvolvimento do
Ecoturismo e as potencialidades dessa paisagem para a criação de um geoparque. Ao final pode-se
concluir que entre as unidades de paisagem estabelecidas durante a pesquisa, destaca-se a grande
diversidade de afloramentos rochosos e geoformas, encontradas principalmente na Sub-região
Natural Planaltos Rebaixados de Caçapava do Sul que precisam ser protegidas como, por exemplo,
as Guaritas, as Minas do Camaquã, a Pedra do Segredo, o Rincão do Inferno, a Casa de Pedra,
entre outros locais. Além destas formações existem outras que se somam ao patrimônio geológicogeomorfológico
e que possuem um potencial especial para o desenvolvimento de futuros projetos de
roteirização ligados ao Ecoturismo e a diversidade cultural do Alto Camaquã.