Impacto da saúde oral e fatores sociodemográficos na qualidade de vida da população idosa
Resumo
Introdução: A qualidade de vida relacionada com a saúde oral é um conceito
multidimensional que inclui a avaliação subjetiva da saúde oral do indivíduo, aspectos
funcionais, bem-estar geral, bem-estar emocional, expectativas e satisfação com o
seu auto cuidado. Além disso, é parte integrante do estado geral de saúde e bem
estar. Objetivos: Avaliar o impacto da saúde oral e dos fatores sociodemográficos na
qualidade de vida de idosas. Métodos: Foi realizada uma pesquisa do tipo transversal
com idosas participantes de um grupo de convivência na cidade de Santa Maria RS.
Os dados foram coletados no próprio grupo de convivência por entrevistadores
previamente capacitados. Foram utilizados para coleta dos dados o instrumento Oral
Health Impact Profile (OHIP -14), e uma entrevista estruturada abordando questões
sociodemográficas e de saúde. Os dados foram analisados utilizando-se o programa
STATA 13.0 (Stata 13.0 for Windows; Stata Corporation, College Station, TX, USA).
As análises descritivas forneceram as estatísticas das características clínicas e
sociodemográficas, bem como os valores médios dos escores do OHIP-14 e seus
respectivos domínios. As diferenças entre os escores médios do OHIP-14 de acordo
com as variáveis clínicas e sociodemográficas foram comparadas estatisticamente
através do teste de Mann-Whitney, adotando nível de significância de 5%. O projeto
do estudo realizado foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Santa Maria e todos os participantes assinaram um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Um total de 64 sujeitos foram
analisados. A média de idade foi de 69,8 anos, variando de 60 a 88 anos. O IMC
variou de 17,99 a 42,64 kg/m² (média de 28,28 ± 5,05 kg/m²), sendo que 53,13%
(34/64) apresentava-se eutrófico conforme IMC, 15,62% (10/64) magreza ou
desnutrição e 31,25% (20/64) apresentava excesso de peso de acordo com a
classificação do IMC. A média de peso corporal foi de 68,7 kg, variando de 46,3 kg a
107,9 kg. As maiores médias dos escores totais do OHIP-14 foram observadas em
indivíduos que possuíam baixa escolaridade (<5 anos), baixa renda familiar (≤
R$2.500), alteração do paladar, dificuldade de sentir o gosto dos alimentos,
depressivos e desnutridos. A escolaridade também se associou com escores do
OHIP-14 nos domínios desconforto psicológico e incapacidade física, do mesmo modo
que as alterações no paladar influenciaram também os domínios de limitação
funcional e incapacidade física. Indivíduos desnutridos apresentaram piora de
qualidade de vida quando comparados aos indivíduos com excesso de peso nos
escores totais e no domínio de incapacidade física. Conclusão: As desordens orais
associadas a pior qualidade de vida foram encontradas em idosas que possuíam baixa
renda familiar, baixa escolaridade e que apresentavam um pior diagnóstico nutricional.