O papel da revista nova escola na rede discursiva que se desenvolve em torno do agir docente: um jogo de discursos e representações
Resumo
Expressões como a escola está em crise , os professores perderam a autoridade , os cursos de licenciatura são fracos têm sido recorrentes em textos que abordam a educação brasileira. Percebe-se, também, uma preocupação geral em torno da problemática da qualidade do ensino, e a mídia tem desempenhado um papel de destaque nesse debate social que busca encontrar os culpados pelo fracasso escolar brasileiro. Acompanhando esse movimento, chamou-me a atenção uma reportagem de capa da Revista Nova Escola, publicada em outubro de 2009, que traz como tema a indisciplina na escola. A escolha desse texto deve-se a três aspectos: a publicação destinar-se ao educador, por
circular em todo o país e pela Revista estar no mercado há quase 25 anos. Sendo assim, proponho-me a investigar o papel da Revista Nova Escola na rede discursiva que se desenvolve em torno do agir docente, pois muitas são as instâncias que se dirigem diretamente ao professor, entre elas estão os documentos oficiais e os livros didáticos. Espero, com isso, trazer à tona a discussão acerca do papel
dessa publicação na (des)construção da representação do trabalho docente. De modo geral, os procedimentos utilizados na pesquisa provêm, fundamentalmente, do quadro teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo, pautado nos escritos de Jean-Paul Bronckart, e na Teoria das Representações Sociais, proposta por Serge Moscovici. A análise do perfil de atuação da Revista e da referida reportagem aponta para uma representação do agir docente atual como equivocado, e a Nova Escola como aquela que vem ao auxílio do professor, a conhecedora, a que traz facilidades. Tal característica lembra a relação já vivida entre professores e livros didáticos. Além disso, há também
uma negação do trabalho docente atual, o que aproxima o seu discurso ao dos documentos oficiais (PCN s, PDE e GESTAR).