Elefante de Francisco Alvim: qual o real da poesia?
Resumo
O presente trabalho apresenta uma proposta analítica do livro Elefante
(2000), do poeta brasileiro Francisco Alvim. Para tanto, fez-se necessário recuperar
de forma crítica uma vertente da tradição da moderna poesia ocidental sobretudo
em termos de como esta delineou historicamente sua problemática para daí
dimensionar o conflito específico brasileiro animado pela estética modernista.
Resulta disso uma leitura panorâmica de como determinadas manifestações
poéticas questionaram o comportamento do sujeito lírico, a saber, Baudelaire, Mário
de Andrade e Carlos Drummond de Andrade, o que possibilitou vislumbrar a
trajetória de despersonalização na concepção de tal instância discursiva. Sendo
assim, da leitura do flâneur de Baudelaire ao gauche de Drummond, pôde-se,
juntamente a Cacaso (1988), avistar um espaço, na tradição mencionada, para a
poética de Francisco Alvim, cujo núcleo compositivo parece estar orientado por uma
estratégia discursiva voltada à elaboração de um sujeito poético, que ora se faz
presente, mesmo que despersonalizado, e ora sai de cena em favor de locuções
aparentemente inanes. De posse de tais informações, o estudo passa a explorar a
composição estrutural do livro já mencionado, fato que permite desenvolver uma
feição geral para o entendimento do princípio formal da obra, o qual é orientado pela
oscilação de basicamente dois modos de representação um que tende ao
hermetismo e outro à comunicabilidade. Por fim, a análise de alguns poemas do livro
encaminha-se para a tentativa de compreensão de como se pode observar o
elemento externo à obra transposto para o plano da composição do livro.