Andradina de Oliveira: tentativa de contextualização histórica
Abstract
A partir análise do romance O perdão (1910), de Andradina de Oliveira, pretende-se traçar um perfil mais conciso dos discursos literários de fins do século XIX e início do XX, na sociedade gaúcha. Para tanto, busca-se um diálogo nas diferenças e semelhanças das visões entre a autoria feminina e a masculina na representação de questões históricas dentro do discurso literário. Para o êxito deste trabalho, propomos um breve mapeamento do método comparatista para explorar as representações ficcionais que consagravam a literatura regionalista da época, idealizando o estereótipo gaúcho, em relação à voz feminina de Andradina de Oliveira e suas tramas voltadas ao universo urbano de Porto Alegre. Associado a este intuito, estabeleceremos algumas deliberações sobre as contribuições da História Cultural e as novas perspectivas críticas que daí floresceram sobre as relações de gênero, principalmente a partir das décadas de sessenta e setenta do século XX. Tem-se como princípio norteador uma reflexão sobre a questão do próprio gênero feminino e a sua atuação na seara social, envolvendo o contexto em que tais textos foram escritos, reforçando a posição crítica que o romance analisado estabelece com os silenciamentos da história oficial. Além disso, o escopo deste trabalho apoia-se nos preceitos da representação, tendo como base de teórica para tais investigações propostas até aqui Roger Chartier, Michelet Perrot, Anselmo Peres Alós, Rita Terezinha Schmidt, Sandra Pesavento, entre outros. O objetivo é manter a análise do romance direcionada para a representação das mulheres na ficção sul-rio-grandense, traçando em paralelo algumas considerações sobre romances regionalistas do mesmo período. Atentando especialmente para a construção da subjetividade da mulher e, consequentemente, para as possibilidades de (des) naturalização do conceito de identidade sólida dos estereótipos femininos, assim como da mitificação do gaúcho.