A retomada do romantismo alemão em Kein Ort. Nirgends e Die neuen Leiden des jungen W.: o romance como resistência
Resumo
Durante a década de 70, verifica-se na literatura da República Democrática Alemã (RDA) o surgimento de um conjunto de obras caracterizadas pela retomada de elementos e valores referentes ao período romântico alemão. O país vive sob o Socialismo imposto à força pela URSS, e o Estado exerce sobre o povo forte opressão, censura e repressão, além de impor um programa de base realista a ser seguido pelos escritores, com o fito de consolidar os princípios ideológicos do regime o Realismo socialista, criado a partir das concepções de realismo de Georg Lukács. Em resposta a esse contexto, pode-se considerar que algumas obras literárias funcionam como resistência, ao adotar formas e técnicas não miméticas de escrita. Neste sentido, a presente dissertação visa a realizar uma análise comparativa entre os romances Kein Ort. Nirgends, de Christa Wolf e Die neuen Leiden des jungen W., de Ulrich Plenzdorf, tendo em vista o possível papel de temas como a subjetividade, a melancolia e o voltar-se para o passado para as aspirações político-socias dos escritores vinculados à referida tendência literária. O conceito de Romantismo deve ser entendido de acordo com os significados históricos particulares resultantes em função da discussão em torno da herança cultural e literária. O principal aporte crítico e teórico empregado como base para essa pesquisa advém dos ensaios de Christa Wolf, Bertolt Brecht, Theodor Adorno, Walter Benjamin e Anatol Rosenfeld