Aspectos epidemiológicos, clínicos e lesões vesicais na intoxicação crônica espontânea por Pteridium aquilinum em bovinos
Fecha
2008-12-16Metadatos
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Foram estudados casos espontâneos de intoxicação crônica por samambaia em bovinos nas formas
clinicopatológicas de carcinoma de células escamosas (CCE) no trato alimentar superior (TAS) e de hematúria
enzoótica bovina (HEB), provenientes da Mesorregião Centro Ocidental do Rio-Grandense e encaminhados ao
Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para o estudo
epidemiológico, foi avaliado o perfil das propriedades quanto à finalidade da criação, principal atividade da
propriedade, altitude e área de infestação pela planta. Quanto a esses parâmetros, as propriedades com uma ou
outra forma de intoxicação crônica não apresentaram diferenças. Foi determinado o perfil dos bovinos afetados
quanto à idade, sexo e raça. Os mais afetados por ambas as formas clínicas foram fêmeas de raça mista
(predominante na região). Na HEB houve predomínio de bovinos adultos (três a sete anos) e a forma de CCEs no
TAS afetou mais bovinos idosos (mais de oito anos). Para o estudo clínico foram avaliados os sinais clínicos de
bovinos com CCEs no TAS e com HEB e realizados hemogramas na fase terminal da doença. Os principais
sinais clínicos nos bovinos com CCEs no TAS foram emagrecimento progressivo, atonia ruminal, tosse, disfagia,
timpanismo, regurgitação e hematúria, vista em um caso. Nos bovinos com HEB, hematúria foi o principal sinal,
observado em todos os casos, seguido de emagrecimento progressivo. No exame hematológico, 33,33% dos
bovinos com CCEs no TAS e 66,67% dos bovinos com HEB apresentaram anemia arregenerativa. Alterações no
leucograma ocorreram em alguns casos, mas linfopenia foi um achado infreqüente em ambas as formas de
intoxicação. Para o estudo morfológico, foram avaliadas as bexigas de 46 casos de CCEs no TAS e de 11 casos
de HEB. Macroscopicamente, 16/46 bexigas dos casos de CCEs no TAS apresentaram alterações macroscópicas,
que foram nódulos vermelhos ou pálidos, hemorragia e papilomas; urina vermelha foi observada em três casos.
Nos casos de HEB, os achados macroscópicos vesicais foram nódulos vermelhos, massas neoplásicas focalmente
extensas, urina vermelha, papilomas, hemorragias e ruptura de bexiga; pielonefrite e hidronefrose foram
observados em poucos casos. Histologicamente, 44/46 (95,65%) bexigas de bovinos com CCEs no TAS
apresentaram 22 tipos diferentes de alterações morfológicas, que foram classificadas em alterações neoplásicas
(5/22) e alterações não-neoplásicas (17/22), as quais foram divididas em alterações epiteliais não-neoplásicas
(6/17), alterações gerais na lâmina própria (6/22) e alterações inflamatórias (5/17). Os achados histológicos das
bexigas dos casos de HEB foram classificados da mesma forma, resultando em 19 tipos diferentes de alterações
morfológicas. Dessas, 5/19 eram alterações neoplásicas e 14/19, alterações não-neoplásicas (9/14 alterações
epiteliais não neoplásicas, 3/14 alterações gerais na lâmina própria e 2/14 alterações inflamatórias). Na HEB, os
neoplasmas mesenquimais foram mais observados que os epiteliais, e a maior parte era maligno. A técnica de
imuno-histoquímica foi utilizada para caracterizar os aspectos morfológicos, principalmente dos neoplasmas.
Através do estudo morfológico concluiu-se que é muito freqüente a ocorrência de lesões vesicais em bovinos
com a forma crônica de CCEs no TAS e que essas são idênticas às encontradas nos bovinos com HEB.