Hidroxiapatita sintética associada ou não à fração total de células mononucleares na regeneração de osso alveolar de cães
Resumo
Vários fatores, dentre eles a doença periodontal, podem levar à reabsorção do osso alveolar. O presente
trabalho teve como objetivo avaliar a fração total de células mononucleares (FTCM) proveniente da medula óssea
(MO) na regeneração alveolar da mandíbula de cães, quando associadas à hidroxiapatita sintética (HA). Para isso,
foram utilizados 18 cães divididos em 2 grupos (GI e GII). No GI o defeito foi preenchido somente com o
biomaterial. O GII foi tratado com HA associado à FTCM. Defeitos de 4,3 mm de diâmetro foram criados entre as
raízes do quarto pré-molar direito no osso alveolar. Esses foram preenchidos com o implante correspondente a cada
grupo. A MO foi coletada dos quatro membros do animal. O acesso para a coleta no membro pélvico foi o trocanter
maior do fêmur, já o acesso no membro torácico consistiu no côndilo maior do úmero. Da MO coletada, foi extraída
a camada mononuclear por meio de centrifugação em gradiente de Histopaque® 1.077. As células mononucleares
foram transplantadas logo após separação. Com a finalidade de investigar e comparar a eficiência da regeneração
óssea foi realizado avaliações clínicas diárias durante uma semana; avaliações radiográficas no pós-operatório
imediato, aos 14, 45 e 60 dias; e exames histológicos aos 14, 45 e 60 dias. A cicatrização da ferida ocorreu de forma
satisfatória e semelhante para ambos os grupos. O exame radiográfico revelou evolução semelhante para os dois
grupos. No pós-operatório imediato, esse exame, permitiu avaliar o adequado preenchimento do defeito no GI e GII.
Nos dois grupos, aos 14 dias, observou-se uma diminuição da radiopacidade,em relação ao pós-operatório imediato,
seguida por um aumento na mesma aos 45 dias em relação aos 14 dias. Essa evolução é esperada em um processo de
reparação ósseo onde é usado como a HA. A radiopacidade aos 60 dias foi superior daquela observada aos 45 dias,
mas o defeito ainda era perceptível. Os exames histológicos indicaram um processo de formação ósseo progressivo
nos dois grupos. Aos 14 dias, havia presença de trabéculas ósseas no GII, não sendo observadas no GI nessa data.
De fato, o GII apresentou um processo de regeneração óssea mais acelerada em relação ao GI até os 45 dias, sendo
comprovado estatisticamente pela presença em maior quantidade de matriz óssea no GII aos 45 dias, ao nível de
significância de 5%. Ainda era perceptível a presença da HA em algumas amostras aos 60 dias indicando que essa
não foi completamente reabsorvida. Nenhuma reação do tipo corpo estranho foi observada, portanto, comprovando a
biocompatibilidade do material. Coletivamente, os resultados obtidos neste trabalho mostraram que a associação da
FTCM provenientes da medula óssea de cães à HA favoreceu a regeneração óssea em defeitos realizados no osso
alveolar da mandíbula de cães. Quando comparada ao uso somente da hidroxiapatita sintética, esse processo de
regeneração ocorreu de forma mais rápida em defeitos preenchidos com o biomaterial associado à FTCM.