O potencial das células intestinais como fonte de células progenitoras pancreáticas
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi estabelecer um cultivo primário de células
intestinais de suínos para a caracterização celular quanto a expressão de RNAm de genes
relacionados á formação e desenvolvimento pancreático e ao metabolismo da insulina. O
tecido intestinal e as células isoladas de leitões neonatos foram avaliados quanto a expressão
de RNAm dos genes pancreáticos por qRT-PCR. O tecido e as células isoladas antes e depois
do cultivo, nas duas primeiras passagens, foram avaliados para os genes Pdx1 (Pancreatic and
duodenal homeobox), Ngn3 (Neurogin3), NeuroD1 (Neurogin differentiation 1), PC1/3
(Prohormone convertase 1/3), PC2 (Prohormone convertase 2) e o gene da insulina (INS). O
intestino e a passagem 2 das células cultivadas foram avaliadas quanto a presença de insulina
por imunofluorescência. No primeiro experimento, as células intestinais foram cultivadas em
meio contendo RPMI, EGF, penicilina, anfotericina B e insulina (10μg/ml). Para os genes
Ngn3, PC1/3 e PC2 a expressão de RNAm não diferiu durante o processo de obtenção das
células nem durante as passagens, enquanto que para os genes Pdx1, INS e NeuroD1 a
expressão diminuiu nas células cultivadas. No segundo experimento, foi realizado um cultivo
primário de células intestinais de suínos neonatos, utilizando o meio básico descrito no
primeiro experimento, mas sem insulina (grupo controle) ou com 25 mM de glicose e sem
insulina (grupo tratamento). Esse experimento foi realizado com o objetivo de avaliar a
expressão desses genes em resposta á ausência da insulina ou presença de glicose no cultivo.
Independentemente da adição de glicose, houve uma diminuição da expressão de todos os
genes estudados ao longo da primeira passagem e um aumento (retornando aos níveis iniciais
encontrados no intestino), ou até superiores (NeuroD1) em células da segunda passagem, com
exceção do Pdx1. A quantidade de mRNA para Pdx1 observada no tecido intestinal se
manteve nas células isoladas e na primeira passagem, independente da presença de glicose, e
decresceu nas células da segunda passagem. Anticorpos para insulina não detectaram a
presença desta proteína no tecido intestinal, bem como nas células cultivadas com adição de
glicose e do grupo controle. Com base nesses resultados, pode-se inferir que as células
intestinais duodenais de suínos neonatos possuem um caráter de célula progenitora
pancreática, em função do padrão de expressão gênica, porém não são capazes de produzir a
proteína insulina. No entanto, observando os dados de expressão de RNAm é possível sugerir
que essas células podem ser mais facilmente diferenciadas e consequentemente usadas em
estudos de terapia celular para diabetes mellitus tipo 1.